A capital catarinense, Florianópolis, apareceu como a terceira pior em um estudo que analisou o deslocamento ao trabalho por meio de transporte público em oito capitais brasileiras. A pesquisa divulgada pelo Instituto Cidades Responsivas, por meio do Indicador de Mobilidade Urbana, mostra a quantidade de empregos alcançados em até 45 minutos divididos pelo número de domicílios alcançados nesse mesmo tempo.

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O estudo tem como objetivo analisar o sistema de mobilidade das cidades, usando como base a eficiência com que os domicílios se conectam às oportunidades de trabalho naquele mesmo município e nas cidades próximas.

Para isso, foram analisadas oito capitais brasileiras, entre elas a catarinense Florianópolis. Os dados mostrados no levantamento indicam que as cidades com maiores valores possuem um sistema de mobilidade melhor que consegue conectar as residências a mais oportunidades de trabalho em relação à dimensão da demanda local por empregos.

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— O Indicador de Mobilidade Urbana mede a eficiência com que os domicílios de uma cidade são conectados às oportunidades de emprego existentes. Ele é calculado por meio da relação entre a quantidade de vínculos de trabalho e de domicílios que podem ser alcançados em até 45 minutos. Essa relação indica a concorrência por empregos: quanto maior o valor do indicador, maior o número de oportunidades às quais as pessoas têm acesso de forma rápida — explica Guilherme Dalcin, mestre em planejamento urbano e cientista de dados do Instituto Cidades Responsivas

Um trecho do estudo explica que “cidades com maiores valores do indicador são aquelas cujo sistema de mobilidade conecta cada residência a mais oportunidades de trabalho”. Isso significa que caso uma cidade atingisse o indicador “1”, o melhor possível, o número de residências seria igual ao número de vagas de trabalho formais alcançadas em até 45 minutos.

Resultado do estudo

Em Florianópolis, a razão entre empregos e domicílios alcançados em deslocamentos por transporte público em até 45 minutos é de 0,19. A cidade ficou em sexto lugar no ranking de oito capitais analisadas (quanto menor o número, pior a mobilidade).

Em um mapa disponibilizado no site Instituto Cidades Responsivas, os menores valores estão concentrados no Sul da Ilha. Também em destaque negativo estão a região da Costa da Lagoa e trechos da Praia do Moçambique.

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Cores mais escuras mostram regiões com piores indicadores (Foto: Instituto Cidades Responsivas, Reprodução)

Belo Horizonte foi a líder, com o melhor indicador entre as capitais analisadas. Na outra ponta, o Rio de Janeiro se destacou como a pior cidade, com um valor quase três vezes menor do que a capital mineira.

Confira o ranking completo:

  • Belo Horizonte: 0,36
  • Curitiba: 0,26
  • São Paulo: 0,23
  • Porto Alegre: 0,23
  • Fortaleza: 0,19
  • Florianópolis: 0,19
  • Salvador: 0,16
  • Rio de Janeiro: 0,13

A análise possui relação com a pesquisa Acesso a Oportunidades, realizada pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), porém com diferentes bases de dados. O estudo utiliza dados do Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos, do IBGE, e do Relatório Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho. Ainda, calcula os tempos de deslocamento entre 6h30 e 8h em dias úteis com base nas plataformas Mapbox, para automóveis, e Google, para o transporte público.

O que diz a prefeitura

A prefeitura de Florianópolis se posicionou em nota sobre o resultado do estudo divulgado. Afirmou que a revisão do Plano Diretor aborda a geração de empregos no bairro, e que a capital conta com particularidades por se tratar de uma ilha. Confira na íntegra:

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“A pesquisa em questão mostra que Florianópolis tem o sexto melhor indicador entre as oito capitais analisadas. A Prefeitura de Florianópolis explica que revisou recentemente o Plano Diretor da Cidade, que busca, entre outras coisas, criar centralidades que estimulem a geração de empregos nos bairros, eliminando, em parte, a necessidade de deslocamento até o centro. Destaca também que, diferente das outras capitais analisadas, Florianópolis tem particularidades territoriais, por se tratar de uma ilha. O transporte público têm integração de até três horas e o terminal central da cidade concentra transportes de outras cidades da região metropolitana também.”

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