Florianópolis está em terceira no ranking nacional das capitais brasileiras quanto a combinação de álcool e direção. Dados da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde (MS) revelam que 12,1% dos entrevistados no levantamento confirmaram conduzir veículos motorizados após consumo de qualquer quantidade de bebida alcoólica. Apenas Palmas (TO) e Teresina (PI) possuem índices mais elevados, 14,2% e 12,4%, respectivamente.

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O levantamento do Ministério da Saúde passou a incluir esse ato no relatório em 2009, nesse período nota-se um aumento expressivo em Florianópolis. Na época, a Capital estava na 13ª posição nacional, com um percentual de 2%. Nos últimos 10 anos o índice cresceu 10,1%.

Considerando apenas o público masculino, o número é ainda mais elevado. O aumento nesse período foi de 15%, passando de 3% para 18%. Nota-se também uma mudança expressiva no comportamento da população feminina nesse período. De acordo com a pesquisa, em 2009 apenas 1% das mulheres respondeu sim a pergunta, já no último ano o índice era de 7%.

— Eu não esperava encontrar números tão altos, o que mais me assustou foi o dirigir. É comprovado cientificamente que essa atitude diminui reflexos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que não existe nível seguro para a ingestão de álcool — alerta o psiquiatra Marcos da Costa Leite

Apenas no mês de julho a Guarda Municipal de Florianópolis (GMF) flagrou 112 motoristas que haviam ingerido álcool. Destes 101 com o resultado igual ou superior a 0,05 mg/l até 0,33 mg/l e 11 com resultado do bafômetro igual ou superior a 0,34mg/los. No primeiro caso, os motoristas têm o direito de dirigir suspenso por um ano e são autuados no valor de R$ 2.934.70, já no segundo além desta penalidade também são conduzidos à delegacia por crime de trânsito.

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Dados nacionais

Em todo o país, o levantamento aponta que 17,9% da população adulta no Brasil faz uso abusivo de bebida alcoólica. O percentual é 14,7% a mais do que o registrado no país em 2006 (15,6%). Mesmo com o percentual menor, as mulheres (11%) apresentaram maior crescimento em relação aos homens (26%), no período de 2006 a 2018. Em 2006, o percentual entre as mulheres era de 7,7% e entre os homens, 24,8%.

A pesquisa apontou ainda que o uso abusivo entre os homens é mais frequente na faixa etária de 25 a 34 anos, 34,2% e entre as mulheres nas idades de 18 a 24 anos (18%). O menor percentual entre os homens e mulheres, foram observados em pessoas com 65 anos e mais, sendo, 7,2% entre homens e 2% em mulheres. O percentual de consumo abusivo entre os brasileiros tende a diminuir com o avanço da idade, em ambos os sexos.

Números ainda maiores

O médico comenta que os dados da pesquisa do Ministério estão provavelmente ainda abaixo da realidade pelo formato empregado pelo levantamento que entrevistou pessoas que possuem telefone fixo e moradores das capitais dos 26 Estados brasileiros e no Distrito Federal. O psiquiatra ressalta ainda a necessidade de atuação governamental.

— Esses número indicam que teremos um crescimento nas próximas décadas da dependência de substâncias, com um aumento também no número de doenças relacionadas a isso. É um grande aviso para as autoridades para começar a cuidar disso. A situação já é muito séria — conclui o psiquiatra.

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