Florianópolis é uma cidade com diversas construções modernistas, que começaram a surgir nos anos 1950. Elas têm uma grande importância arquitetônica e histórica para a capital catarinense, no entanto, muitas vezes, os edifícios não são conservados ou têm suas características originais perdidas. É o caso do Lagoa Iate Clube (LIC), de Oscar Niemeyer, inaugurado em 1969 na Lagoa da Conceição. A edificação passou por várias transformações ao longo dos anos e, hoje, destoa do projeto original.

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E mais, a arquitetura modernista não é conhecida pela população. Muitas pessoas passam todos os dias em frente ao Instituto Estadual de Educação ou ao Edifício das Diretorias sem saber o que eles representam: mais do que uma época de modernização em Florianópolis, essas construções representam a nossa história.

Eu e minha sócia Vanessa Faller viajamos para Montreal recentemente a convite do Núcleo Catarinense de Decoração e observamos como a situação por lá é diferente. Os edifícios que têm valor arquitetônico são conservados e as pessoas conhecem suas histórias. O Habitat 67, por exemplo, da década de 1960, é uma construção residencial, feita de cubos de cimento empilhados. A construção do arquiteto Moshe Safdie é muito importante para se pensar uma alternativa para condomínios e hoje ainda é preservada, habitada e visitada como ponto turístico da cidade.

Outro exemplo é o banco Royal Bank Tower, de 1928, e parou de ser utilizado em 2010. Desde então, foi revitalizado e transformado em lanchonete e espaço de coworking. O local conserva a arquitetura original. É triste retornar e lembrar que pouco se faz pela preservação do patrimônio arquitetônico em uma cidade como Florianópolis. Difícil passar despercebido para nós, arquitetos, o descaso e a ignorância do poder público. Resta-nos fazer com que as pessoas compreendam a arquitetura de nossa cidade e se apropriem do patrimônio. Para que os tombamentos sejam eficientes na conservação dos edifícios e para que passemos a usufruir e a monetizar em cima dessa rica herança que é de todos nós.

*Maíra Queiroz é arquiteta e mora Florianópolis

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