Florianópolis é a cidade mais cara do Brasil para o trabalhador que precisa almoçar fora de casa. É o que indica uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha a pedido da Associação das Empresas de Refeição e Alimentação Convênio para o Trabalhador (Assert).
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Na capital catarinense, o preço médio das refeições completas (prato, bebida, sobremesa e café) e mínimas (prato e fruta de sobremesa) são os mais altos entre todas as cidades brasileiras – R$ 39,93 e R$ 26,78, respectivamente.
O levantamento consultou os valores cobrados por 5.118 restaurantes de todos os estilos, desde populares até executivos, de 51 municípios, sendo 23 capitais. Além de Florianópolis, em Santa Catarina foram consultadas as cidades de Joinville e Blumenau.
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Para a administradora Luciane Costa, 38, que almoça todos os dias fora e percebe o aumento, o complemento do próprio bolso ao Vale Refeição (VR) fornecido pela empresa é obrigatório.
– O VR dá conta até a metade do mês. Depois, tenho de pagar. Já tentei fazer comida em casa e levar para o trabalho, mas transtorno e custos não compensam tanto _ explica, enquanto aguardava na fila para pagar a conta no restaurante Central, em Florianópolis.
Em 4º lugar no ano passado
Na mesma pesquisa de 2014, a capital catarinense aparecia em quarto lugar, atrás de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Brasília. Neste ano, aumentou o preço da refeição completa em 10% e está R$ 6,27 mais cara do que a segunda cidade com os maiores valores em refeições, o Rio de Janeiro.
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Florianópolis é 55% mais cara do que a média regional e 46% maior do que desembolsa o brasileiro médio. Já na refeição mínima, Florianópolis continua em primeiro: R$ 26,78 frente a R$ 19,62 da média nacional.
Para o consultor financeiro e professor da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Crisanto Soares Ribeiro, existem alguns motivos para esse cenário:
– Pode ser resquício da temporada, já que o turismo de Florianópolis é concentrado no verão e, no restante do ano, precisa sobreviver e eleva os custos. Além disso, a estrutura logística da cidade encarece a compra de insumos – acredita.
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Opções para todos os bolsos e gostos
No Centro de Florianópolis, consumidores dividem-se entre opções mais refinadas como o restaurante Central, que serve um buffet a R$ 49,90 o quilo, e mais populares a exemplo do restaurante Centenário, que cobra R$ 14,99 o buffet livre. Para o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Fábio Queiroz, a pesquisa não levou em consideração o peso que cada um desses restaurantes tem no cotidiano de quem precisa almoçar fora.
– É claro que em estabelecimentos populares é possível encontrar refeições a partir de R$ 7 e, em locais mais refinados, gasta-se de R$ 15 a R$ 50. Entre esses dois, a escolha de quem come fora diariamente é óbvia – sugere.
Nessa distinção de perfis, a Abrasel acredita que Florianópolis sirva buffets em média 30% mais baratos do que a média nacional – divergindo da pesquisa encomendada pela Assert. Em compensação, os estabelecimentos à la carte são mais caros do que o restante do país, segundo o órgão. Fábio enumera a soma de fatores que compõem o custo das refeições servidas nos restaurantes.
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– Aumento do salário dos profissionais contratados pelos estabelecimentos, aumento constante dos insumos sem regra de valor semanal, custo de ocupação (IPTU e aluguel, por exemplo), aumento da conta de luz, e serviços agregados (como ar condicionado e produtos de maior qualidade – diz o presidente da Abrasel.
Estabelecimentos reconhecem aumento e criam alternativas
No restaurante Centenário, que existe há quatro anos na Praça XV em Florianópolis, das 400 refeições servidas diariamente, cerca de 60 são para funcionários de empresas conveniadas. Nesses casos, os colaboradores recebem descontos na folha de pagamento a cada almoço feito.
– Venho neste restaurante porque gosto e é o que minha empresa oferece. Dessa forma, só pago R$ 3 a cada almoço. Não tenho condições de ir a outro. São todos caros – explica o vendedor Yan Guimarães, 18.
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Já no Central, são aceitos todos os tipos de Vale Refeição (VR) a fim de compensar o custo mais alto aplicado nos pratos.
– Mantemos o mesmo preço do quilo do buffet desde outubro de 2014, mas em breve devemos aumentá-lo devido, principalmente, à conta de luz, água e ao preço da carne. Estamos aumentando as opções de VR como um atrativo – explica a gerente do restaurante, Alcelina Rogério.
Pesquisa de preço e marmitas podem ser solução
Quem recebe um salário mínimo (R$ 784) e gasta por dia uma média de R$ 10 em almoço, tem um impacto de 30% no orçamento com as refeições. Aqueles que têm de frequentar restaurantes mais caros por falta de opção, consequentemente, têm um rombo ainda maior no bolso. Nesse contexto, procurar opções econômicas é fundamental, conforme explica o consultor financeiro Crisanto Soares Ribeiro.
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– Pesquisar restaurantes que possuam uma política diferenciada de preços é bastante importante. Levar alimentação de casa também pode ser uma alternativa – explica.
Sobre as marmitas preparadas em casa, a nutricionista Taita Carballo dá dicas:
– Se durante a semana não há tempo para cozinhar, é possível reservar o fim de semana para isso, fazendo a quantidade necessária para a semana toda e congelando em porções individuais. A embalagem com a refeição deverá sempre ficar sob refrigeração, jamais na bolsa ou dentro da gaveta do trabalho. O ideal é que seja transportada em bolsa térmica – orienta a especialista.
Segundo a nutricionista, planejamento é fundamental para a confecção das marmitas. Taita recomenda a ida às feiras em bairros para adquirir frutas e verduras, compra de itens perecíveis apenas para a semana, e anotação da data dos produtos no congelador a fim de se ter um maior controle.
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