Executado na noite de domingo em Florianópolis enquanto comia um cachorro-quente, o adolescente Patrick William Morás de Oliveira, 15 anos, é mais uma vítima de um quadro de violência contra a vida que aumenta significativamente na Capital este ano.

Continua depois da publicidade

De janeiro ao dia 26 de setembro, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP), ocorreram 52 assassinatos na cidade contra 33 no mesmo período do ano passado, o que reflete em um crescimento de 57,5%.

No velório de Patrick, alunos e amigos buscavam respostas para entender o motivo da brutalidade. Segundo o comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Marcelo Pontes, por volta das 21h, o garoto comia um cachorro-quente na Servidão Cartucho, no Morro da Serrinha, quando homens que estavam em um carro se aproximaram e dispararam vários tiros.

— Chegaram e já atiraram. Foi no meio do morro, fomos avisados por moradores que ouviram os tiros e quando as viaturas chegaram a vítima estava caída na rua — relatou o comandante.

A investigação está com a Delegacia de Homicídios. Até à noite de segunda-feira não havia informações sobre os autores do crime. Sobre a motivação, o responsável pelo caso, delegado Ênio Mattos, titular da Homicídios, afirmou que a morte do adolescente foi provocada por disputas relacionadas ao tráfico de drogas na Serrinha.

Continua depois da publicidade

Questionado sobre o motivo de ter chegado a tal conclusão, uma vez que o adolescente não tinha antecedentes criminais, o delegado afirmou que a vítima estaria junto a um dos líderes do tráfico de drogas no bairro quando o crime ocorreu. O suspeito também foi baleado no ataque e encaminhado ao hospital em estado regular.

— Ele estava junto a um traficante bem conhecido na região. E os autores queriam pegar os dois — relatou o delegado.

Patrick estudava no 9º ano da Escola Estadual Simão José Hess, na Trindade. A morte chocou e entristeceu colegas e servidores, pois o garoto tinha muitos amigos e era querido no ambiente escolar. Descrito como calmo, Patrick também era bastante conhecido e não tinha problemas de comportamento na escola, conforme apurou a reportagem.

Com esta morte, chega a 53 o número de homicídios em Florianópolis em 2016. A disparada das mortes vem desde o primeiro semestre. Entre policiais civis e militares, há um evidente discurso de que a grande maioria dos crimes estaria ligado a disputas e brigas entre facções rivais, além do tráfico de drogas, principalmente nas áreas conflagradas como o bairro Monte Cristo, no Continente.

Continua depois da publicidade

Na análise da estatística compartilhada pela SSP entre policiais, consta que o aumento dos homicídios não é exclusividade de Florianópolis ou Joinville, cidades que enfrentam com maior grau a violência de bandos criminosos.

O cenário estadual mostra que ocorreram de janeiro ao dia 26 de setembro 640 homicídios em Santa Catarina. No mesmo período do ano passado, foram 574 homicídios, o que configura em um aumento de 11,5%. O Diário Catarinense enviou questionamentos à SSP sobre os dados, mas não obteve resposta até à noite de segunda-feira.