Mais de 70 paróquias da Arquidiocese de Florianópolis celebram, nesta quinta-feira, 31, o dia de Corpus Christi. Tradicionalmente, além da missa na Catedral Metropolitana, a data é marcada pela confecção dos tapetes de flores, serragens e outros materiais, que são colocados nas ruas onde o padre passa com o Santíssimo Sacramento. Neste ano, porém, chama a atenção o baixo volume de tapetes no Centro da Capital.
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Nos anos anteriores, todo o entorno da Praça XV de Novembro, além do canteiro central da Avenida Hercílio Luz, ficaram forrados de tapetes confeccionados pelos fiéis e por alunos de escolas católicas. Este ano, foram apenas seis tapetes nas ruas do Centro e um grande tapete feito com 12 mil fuxicos dentro da Catedral.
—Estou estranhando, tem muito pouco tapete. A gente costuma passear aqui todos os anos para ver os tapetes, ficamos chateadas de ver que não há muitos dessa vez — comenta a professora Andreia Livramento, de 42, que passeava pela Praça XV de Novembro com a filha Júlia, de 10 anos.
Próximo dali, na Avenida Hercílio Luz, a família do pediatra Cecim El Achkar conversava ao lado de um tapete confeccionado na manhã desta quinta-feira por alunos de uma escola católica, entre eles seus quatro netos — Manoela, Martina, Theo e Davi.
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— Venho para o Corpus Christi desde 1979 e é a primeira vez que vejo o Centro assim. Essa falta de tapetes mostra a mudança dos tempos. Acredito que falta integração, inteligência e criatividade para a Igreja. Vamos participar das celebrações normalmente, mas (a falta de tapetes) tira a beleza da missa à tarde — comenta Cecim.
Às 15h, o bispo auxiliar emérito Dom Vito Schlickmann preside a missa de Corpus Christi na Catedral.
Tradição
A festa de Corpus Christi é feita na quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade. Também em alusão à Quinta-feira Santa, quando se deu a instituição deste Sacramento. A procissão pelas vias públicas atende a uma recomendação do Código de Direito Canônico que determina ao bispo diocesano que a providencie onde for possível, como forma de “testemunhar publicamente a adoração e a veneração para com a Santíssima Eucaristia”.
A celebração teve origem em 1243, em Liège, na Bélgica, no século 13, quando a freira Juliana de Cornion teria tido visões de Cristo demonstrando-lhe desejo de que o mistério da Eucaristia fosse celebrado com destaque.
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Em 1264, o Papa Urbano IV, através da Bula Papal “Trasnsiturus de hoc mundo”, estendeu a festa para toda a Igreja, pedindo a São Tomás de Aquino que preparasse as leituras e textos litúrgicos que, até hoje, são usados durante a celebração.
A procissão com a hóstia consagrada conduzida em um ostensório é datada de 1274. Foi na época barroca, contudo, que ela se tornou um grande cortejo de ação de graças. No Brasil, a festa passou a integrar o calendário religioso de Brasília, em 1961, quando uma pequena procissão saiu da Igreja de Santo Antônio e seguiu até a Igrejinha de Nossa Senhora de Fátima.
Já a tradição de enfeitar as ruas surgiu em Ouro Preto, cidade histórica do interior de Minas Gerais. A procissão lembra a caminhada do povo de Deus, que é peregrino, em busca da Terra Prometida. No Antigo Testamento, esse povo foi alimentado com maná, no deserto. Hoje, ele é alimentado com o próprio Corpo de Cristo.
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Durante a Missa o celebrante consagra duas hóstias: uma é consumida e a outra, apresentada aos fiéis para adoração. Essa hóstia permanece no meio da comunidade, como sinal da presença de Cristo vivo no coração de sua Igreja.