Quando Joinville tinha um décimo de seus habitantes, a rua Katarinenstrasse (hoje rua Santa Catarina) era um dos confins da Colônia Dona Francisca em direção ao Sul. Do núcleo de casas dessa rua é que surgiu, na década de 1940, o Floresta Futebol Clube, em homenagem às matas da região. Hoje, sete décadas depois, nem time nem boa parte das árvores existem mais, mas o nome Floresta sobrevive num dos bairros que mais crescem.

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Segundo dados dos últimos anos da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra), o Floresta é o bairro em que mais foram emitidos alvarás para construção civil na zona Sul. Na cidade, ele é o sexto. Gilberto da Silva, sócio de uma construtora, faz parte desses dados. A empresa dele é uma das que aproveitam a expansão para construir prédios residenciais.

No alto da rua Maravilha, a empresa dele vai erguer dois blocos com seis andares cada, obra que está no fundamento e tem prazo de dois anos para ficar pronta. Metros adiante, outros conjuntos brotam do chão. A construtora de um deles afirma que escolheu o Floresta pela característica regional do bairro, a dinâmica de estar perto da BR-101, da nova fábrica da GM e do futuro campus da UFSC.

O bairro já tem bancos, lojas, terminal de ônibus e um dos maiores binários de Joinville, para dar conta do trânsito movimentado. Abriga também uma das praças mais antigas da cidade, a Tiradentes, com 35 anos – atualmente em reforma – e um dos clubes mais tradicionais de Joinville, a Sociedade Floresta, com salão de bailes e o complexo esportivo “Gigantão do Floresta”, que viveu seu auge entre as décadas de 1970 e 1990.

Mesmo em meio à correria e ao crescimento, é possível encontrar gente como seu Oscar Drefahl, 88 anos. Enxada em punho, ele capina os arredores da casa de madeira construída por seus antepassados. Lembra bem de quando a população se locomovia com carroças, os moradores criavam gado e a maioria vendia leite.

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Além da rua Santa Catarina, o outro caminho ao Sul era a Estrada Parati, hoje rua Copacabana, única via a Araquari por várias décadas. Antônio Espíndola, 73 anos, dono de um comércio de secos e molhados, lembra de quando as carroças atolavam na rua. No seu estabelecimento, ele guarda recordações de caçadas e pescarias com os amigos.

Hoje, com 18 mil habitantes, o Floresta é o oitavo bairro mais populoso de Joinville e o 11º em renda. Há relatos de energia elétrica no bairro já na década de 1920, a água chegou após 1935 e calçamento, a partir de 1950. Mesmo assim, há reivindicações por melhorias.