O que irá acontecer com os três pontos de Inter 2×1 Palmeiras ainda é um mistério. O presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, Flávio Zveiter, disse, em entrevista a Zero Hora, que ainda não há nenhuma decisão sobre o caso e que, por enquanto, apenas cumpriu o que determina o código de justiça desportiva da CBF: os pontos da partida ficam em suspenso até que se julgue a invalidação do jogo.

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– Não houve nenhuma decisão. Eu não tomei nenhuma decisão, eu apenas cumpri o que está no código de justiça desposrtiva da CBF, que prevê que os pontos da partida não sejam homologados enquanto o próprio jogo não for validado – explicou Flávio Zveiter.

O despacho foi publicado ontem à noite, em resposta ao pedido de impugnação da partida feito pelo Palmeiras na segunda-feira. O clube paulista alega que o árbitro Francisco Carlos Nascimento teria contado com interferência externa para anular o gol de Barcos, que admitiu ter marcado com a mão. A Fifa não permite esse tipo de interferência.

Flávio faz parte da família que comanda o STJD desde 1998, com pequenos intervalos. É filho de Luiz Zveiter – que em 2005 foi o responsável pela decisão que ordenou a repetição de 11 partidas do Brasileirão, o que tirou o título do Inter, no episódio conhecido como Máfia do Apito – e sobrinho de Sérgio Zveiter, presidente da entidade entre 1998 e 1999 e ex-integrante do secretariado do governo Sérgio Cabral no Rio de Janeiro.

O atual presidente do STJD afirmou que apenas cumpriu o que pede a CBF, convidando árbitros e o Inter a se manifestarem sobre o caso e ordenando que, após as manifestações, ele seja julgado. A previsão é de que o caso entre na pauta do dia 8 de novembro, mas caso isso não aconteça, uma sessão extraordinária será marcada para o dia 14 de novembro.

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– Não podemos correr o risco de adiar o julgamento. Se for necessário outro jogo é preciso ter calendário para isso – disse Zveiter.

Confira a entrevista:

ZH – O que o seu despacho prevê sobre a questão da partida entre Inter e Palmeiras?

Flávio Zveiter – O Palmeiras pediu a impugnação da partida, e nós apenas cumprimos o que está no código de justiça desportiva da CBF. Eu comuniquei ao presidente da CBF que não valide os pontos, mandei que o Inter e os árbitros se manifestassem e pedi que, após isso tudo, o caso seja distribuído e julgado. Estamos tentando colocá-lo em julgamento no dia 8 de novembro, mas se não conseguirmos, vamos marcar uma sessão extraordinária para 14 de novembro.

ZH – Como você vê o fato de que o Inter está novamente envolvido em um caso de arbitragem, como em 2005, quando seu pai (Luiz Zveiter, à época presidente do STJD), ordenou que 11 jogos fossem disputados novamente e o clube gaúcho acabou perdendo o título?

Zveiter – São casos completamente distintos. Naquela ocasião, ficou devidamente comprovado que o árbitro havia sido corrompido e por isso o pleno do STJD, do qual o Luiz Zveiter era o presidente, tomou a decisão de que se realizasse os jogos novamente. Não foi uma punição ao Inter.

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ZH – Você tem algum receio de sofrer represálias por ter colocado em suspenso a pontuação do jogo?

Zveiter – Não tenho nenhum medo de represálias. Até porque ainda não tomamos nenhuma decisão. Se eu for ficar com medo de represálias, então, não posso ocupar o cargo que eu ocupo.

ZH – Há previsão de que forma o pleno do STJD pode se manifestar nesse caso?

Zveiter – Ainda não temos nenhuma previsão do que irá acontecer. O que vamos julgar é uma suposta interferência externa na anulação do gol do jogador do Palmeiras. Isso vai passar por várias pessoas e aí teremos um resultado, mas por enquanto não posso adiantar nada.

ZH – Não é estranho o STJD ter de levar a julgamento um caso em que o próprio jogador admitiu ter marcado um gol irregular?

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Zveiter – Independentemente de o jogador ter admitido a irregularidade, isso não está em discussão. O que nós vamos discutir é a suposta interferência externa, proibida pela Fifa. O Inter pediu que o jogador seja denunciado de ofício por conduta antidesportiva: se a Procuradoria achar que deve denunciar, ela pode. Mas nós, no pleno do STJD, vamos discutir a interferência, e não o gol ilegal.