Ela a experiente, ele a experiência. Ela a maturidade, ele a disponibilidade. Ela dá adeus, ele diz sejam todos muito bem-vindos. Assim será a coordenação do 29º Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau (Fitub) neste ano, que começa amanhã, uma parceria entre Pita Belli, que se despede do evento depois de 15 anos para alçar outros voos, e Fabio Hostert, que assume definitivamente no próximo ano a missão de dar continuidade ao festival. Para falar sobre o último ano de Pita e os desafios que Hostert começa a encarar a partir deste ano, o Santa reuniu os dois em uma conversa cheia de conselhos, desabafos e olhos marejados.

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Pita, como o Fitub entrou na sua vida e como será a sua despedida?

Pita Belli – Eu já ajudava desde 1998 com alguma função, mas só assumi a coordenação a partir de 2001. Eu contei pro Fabio que eu não dormi durante aquele festival e lembro que no domingo, quando terminou, eu dei tchau para o último convidado e dormi das 19h até as 15h do dia seguinte. Eu não conseguia levantar, foram muitas horas seguidas de sono mas eu só consegui relaxar e dormir porque enfim tinha dado tudo certo. Sobre deixar o festival acho que a ficha só vai cair depois que eu parar. Não é nem o que eu vou fazer, a minha ideia é diminuir a quantidade de trabalho, claro, e continuar fazendo teatro. Isso eu não vou parar de fazer. A ideia já era esta, tenho muitas funções na Furb, eu acabei assumindo várias coisas. Coordeno o festival, eu dirijo o Grupo Teatral Phoenix, sou coordenadora do curso de Teatro e ainda dou aula. Ainda não deu tempo de sentir falta de nada, mas acho que vou ficar muito mais feliz em não ter burocracias na minha vida.

Quem era a Pita antes do Fitub?

Pita – Eu comecei a fazer teatro porque eu queria ser atriz, só. Em 2001, quando assumi a coordenação do festival, foi a última vez que subi ao palco, então eu acho que a Pita ainda era uma pessoa que pretendia apenas ser artista. Eu não imaginava que fosse ficar na Furb por tanto tempo. Inclusive quando eu assumi a coordenação do festival eu pensei que ia ficar uns três anos, mas a partir do momento que eu entendi a dimensão dele, um espaço não só para o público blumenauense mas também para as universidades, para os estudantes, para os professores, aí eu acho que assumi a batalha e a briga por manter este espaço. Porque ele é um espaço importante para o teatro brasileiro ao longo dos anos.

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Qual a principal dica para o Fabio?

Pita – Olhos bem abertos sobre tudo. Bem difícil, são muitas ações, né? Mas é sempre quando a gente pensa que alguma coisa já vai sozinha é aquela que naquele ano não vai. A gente trabalha com muitas pessoas que vêm de fora, com muitos grupos, então há imprevisto todos os anos. A dica mesmo é prática. É isso que faz a gente aprender. É muito dinâmico.

Fabio, qual é a sua expectativa para coordenar o Fitub?

Fabio Hostert – O que facilita e aumenta a minha responsabilidade em assumir este lugar foi porque a Pita deu uma grande guinada no festival. Não que ele estivesse ruim ou precisando, mas ele estava em outro lugar, em outro patamar. Eu vou pegar uma estrutura que está muito melhor consolidada. Eu acho que isso a Pita construiu muito forte e claro que há a responsabilidade de manter, mas ao mesmo tempo acho que já vou pegar uma estrutura que não vai me tirar tanto sono. Espero.

O que o Fitub representa na sua vida?

Fabio – É um lugar meu de formação muito grande. Eu me criei aqui dentro, como artista. Sempre foi um lugar de renovação, a gente nunca passa pelo festival sem aprender nada. É sempre lugar de provocação, de eterna formação, de eterno estudo. Eu acho que isso resume tudo. Agora estar à frente dele é uma responsabilidade enorme. Isso é o melhor do festival, esta formação, este lugar. É um lugar de acadêmico, voltado para produção universitária, mas formando quem vai trabalhar com arte. É importante manter o lugar fresco, se renovando como tem acontecido. A gente precisa deste frescor, porque trabalha muito com material humano, não tem como tratar os alunos como uma fórmula. O festival sem dúvida traz sempre isso para nós.

Já está com aquele frio na barriga pela próxima edição?

Fabio – Sem dúvida já bate, é um lugar que pede muita responsabilidade de tocar este barco que a Pita consolidou agora como algo bastante importante, grande dentro do cenário do teatro nacional. Por enquanto a ficha não caiu forte ainda porque estou acompanhando, a coordenação ainda está com a Pita. Estou pegando e tentando entender todos os detalhes. Está cada vez mais intenso e depois vai estar comigo. Mas claro que até a próxima edição vai ter um tempo também, junto com a divisão de cultura. De alguma forma, sei que não estou sozinho. Tem uma equipe que abraça o festival, que ajuda muito.

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QUEM É PITA BELLI?

Patrícia de Borba, que adotou Pita Belli como nome artístico, é atriz e diretora teatral. Graduada em Direção Teatral pela PUC/PR, especialista em Ensino da Arte pela Furb e mestre em Teatro pela Udesc. Atua como coordenadora de Colegiado e docente do curso de licenciatura em Teatro da Furb, é diretora do Grupo Teatral Phoenix e coordenadora do Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau desde 2001, ambos projetos de extensão da Furb. É integrante do Grupo Fãs de Teatro e durante a trajetória profissional fez diversos trabalhos junto à Fundação Cultural de Curitiba, Fundação Teatro Guaíra e grupos independentes locais. É atuante do ramo teatral desde os anos 1970.

QUEM É FABIO HOSTERT?

Fabio Hostert é bacharel com licenciatura para Interpretação Teatral no curso de Artes e pós-graduado no Ensino da Arte pela Furb. Tem na bagagem vários workshops e oficinas com destaque para as desenvolvidas pela Périplo Cia. Teatral, de Buenos Aires, e Lume, de Campinas, voltadas para o trabalho de investigação acerca do ator. É ator e pesquisador da Cia. Carona de Teatro desde 2000. Entre as peças interpretações estão O Homem Ajuda o Homem; Os Camaradas Médicos; Urano quer Mudar; Os Camaradas; A Parte Doente; Volúpia; Renato, o Menino que era Rato; É Tentando que se Desiste e Das Águas. Atua como professor no curso de Artes da Furb e da turma Adulto Intermediário na Carona Escola de Teatro.

FITUB

O 29º Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau começa amanhã e segue até o dia 14. O evento traz 22 peças, a maioria encenada no Teatro Carlos Gomes, divididas em Mostra Nacional, Mostra Ibero-Americana, Mostra Blumenauense e espetáculos convidados. A abertura será amanhã, às 20h30min, com a montagem Titus Fúria, do Grupo Trezencena, da Unicamp de Campinas (SP).

Os ingressos para o festival custam R$ 18 (inteiro) e algumas peças são gratuitas. Mais informações: furb.br.

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Mostra Nacional

– Titus Fúria (Grupo Trezencena – Unicamp de Campinas/SP)

– 19h45! (Miúda Cia – Cefart de Belo Horizonte/MG)

– Aos Que Vieram Antes de Nós (013 Coletivo de Teatro – USP de São Paulo)

– Corpus, Área de Silêncio (Teatro de Gomorra – USP de São Paulo)

– Isso é um convite (Coletivo Errante – UFRJ do Rio de Janeiro)

– P?s (Trapiá Cia Teatral – UFRN de Caicó/RN)

– Rasgue Minhas Cartas (Rasgue – Udesc de Florianópolis)

– Zeca de Uma Cesta Só (Zecas Coletivo de Teatro – UFPA de Belém/PA)

Mostra Ibero-Americana Pachoal Carlos Magno

– Chicos, Chicos (Ió me marsho – Escuela Metropolitana de Arte Dramático – Isidro Casanova – Província de Buenos Aires, Argentina)

– Internas (Internas – Universidad del Salvador – Buenos Aires, Argentina)

– La Ciudad… Desde Lejos (Sepia – Universidad Nacional de las Artes, Buenos Aires, Argentina)

– Los Que Fueron a La Fiesta, opereta (Compañía de los Graduados de la UNA – Universidad Nacional de las Artes – Buenos Aires, Argentina_

Mostra Blumenauense

– A Fada Sonhadora (Grupo K – Teatro)

– Como Nasceu a Alegria (Cia Carona de Teatro)

– Era Outra Vez (Grupo de Teatro da Casa)

– O Amigo da Onça (Teatro de Bonecos Pois é… Então tá!)

– Outro Lugar (Primeiro Quarto)

– Uma História em Par (SinoS Cia de Teatro)

Espetáculos convidados:

– Coisas que Fazem o Coração Correr Mais Rápido… (Correalização Sesc/Blumenau e Harmônica Arte e Entretenimento, de Florianópolis)

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– Dissolva-se-me (Lume Teatro e Programa Artista Residente – Unicamp de Campinas/ SP)

– Malagueta Quer Ser Grande (Correalização Sesc/Blumenau e Harmônica Arte e Entretenimento de Florianópolis)

– Espaço Escola Livre de Teatro Esparro (Coletivo Dz6 – Escola Livre de Teatro de Santo André/SP)