O ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, é acusado de assédio sexual por ao menos seis mulheres, que vieram a público após o caso ter sido exposto pela organização Me Too. A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público do Trabalho investigam as acusações. Almeida nega, conforme informações do portal Terra.
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O escândalo se tornou público no começo de setembro deste ano, e inicialmente foi divulgada pelo portal Metrópoles. Desde então, Almeida foi demitido do Ministério.
“Mão boba” e sussurros: Anielle Franco detalha assédio de Silvio Almeida durante meses
A primeira vítima é a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Na época que o caso foi divulgado, o nome dela foi conectado às denúncias. Depois, ela confirmou ter sofrido assédio sexual do então ministro, com quem teve uma relação próxima — os dois foram anunciados para compor o governo Lula (PT) no mesmo dia, e atuavam em ministérios “irmãos”.
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A ministra falou publicamente sobre o caso pela primeira vez em 6 de outubro, quando foi entrevistada pela jornalista Sônia Bridi para o Fantástico. Na conversa, Anielle comentou que as abordagens inadequadas por parte do ex-ministro dos Direitos Humanos perduraram por mais de um ano. Segundo ela, tudo começou com “falas e cantadas mal postas” e foi se escalando para “um desrespeito” pelo qual não esperava “até situações que mulher nenhuma precisa passar”. Ela também comentou sobre os toques inadequados e declarou que ele “era bem desrespeitoso”.
Também ao Fantástico em 6 de outubro, a professora Isabel Rodrigues afirmou ter sido vítima de Silvio Almeida. Em um vídeo compartilhado nas redes sociais, ela narra que foi assediada em agosto de 2019, em uma reunião com o ex-ministro e outros colegas, em um restaurante.
— Ele estava do lado direito e eu do lado esquerdo. Eu estava de saia, ele levantou a saia e colocou as mãos nas minhas partes íntimas. Eu fiquei estarrecida, fiquei com vergonha das pessoas, porque é assim que as vítimas se sentem, as vítimas ficam com vergonha e esse caso teve muitos retornos na minha vida. Demorou para eu entender que eu estava sendo vítima de violência sexual — narrou.
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De colegas a ex-alunas, seis mulheres já relataram assédio
Ex-alunas de Almeida também relataram terem sofrido assédio do ex-ministro quando ele era professor da Universidade São Judas. Conforme revelado pelo Metrópoles, uma delas afirmou ter sido assediada em 2007. Ela narrou uma ocasião em que o então professor a beijou no canto da boca ao cumprimentá-la.
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A outra ex-aluna disse ao Metrópoles ter sido assediada em 2017, em um café na mesma universidade, quando Almeida colocou as mãos nas pernas dela.
Outra ex-aluna relatou ao The Intercept ter sofrido assédio em 2009, quando o ex-ministro integrava a banca de avaliação da monografia dela. Após isso, ele passou a telefonar para ela várias vezes, a chamando para sair e “conversar sobre o tema” do trabalho.
A sexta denúncia, de outra ex-aluna, foi dada também ao Fantástico. Segundo a denunciante, um dos episódios de assédio ocorreu quando ela foi a última a entregar uma prova, e o então professor se aproximou até ficar a menos de um palmo de distância dela.
Ao Fantástico, a defesa de Silvio Almeida nega as acusações.
— Em primeiro lugar, ele nega veementemente todas essas referências feitas em desfavor dele. Em segundo lugar, e o mais importante, é que essa investigação, para a defesa, continua sigilosa. Nós não tivemos acesso a nenhum depoimento, nem da ministra, nem de outras pessoas. Sabemos através da imprensa. O que não é razoável é que, em plena vigência da Constituição, que se chama de ‘Constituição Cidadã’, a defesa saiba de episódios esparsos a partir do noticiário, da imprensa escrita, falada, televisada. Evidentemente, quando esses fatos forem impostos – esses fatos não, essas versões, vamos contraditar todos eles e a verdade vai prevalecer — disse o advogado do ex-ministro, Nélio Machado.
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