O setor privado proporcionou um ano histórico, em 2013, para instituições de fomento, como o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e Agência de Fomento do Estado de Santa Catarina (Badesc).

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Ambas bateram recorde de contratações de financiamento em Santa Catarina e as empresas tiveram uma boa parcela de participação no resultado. No Badesc, os recursos liberados para o setor privado foram quase o dobro do destinado ao setor público.

No BRDE, a região Norte foi a que mais buscou recursos, sendo também responsável pelo maior contrato individual da história do banco. A BMW, sozinha, contratou R$ 240 milhões, de R$ 327 milhões destinados à região.

O gerente de operações da agência de SC do BRDE, Marcone de Melo, afirma que, além de grandes projetos, houve perto de três mil operações com cooperativas de crédito. O banco fechou o ano de 2013 com R$ 1,2 bilhão em contratações, índice 65% superior ao de 2012.

As duas instituições de fomento estão otimistas para 2014 e esperam manter o volume de negócios. Já o mercado está um pouco mais cauteloso. O sócio de finanças corporativas da Deloitte Reinaldo Grasson observa que este início de ano tem sido marcado pela observação da economia.

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No País, o comportamento do câmbio e das taxas de juros, o controle da inflação, a concretização das concessões na área de infraestrutura e as projeções de crescimento do produto interno bruto (PIB) vão ditar, segundo ele, o nível de confiança dos empresários e, por consequência, a decisão de investimentos.

Mas se o mercado de modo geral prefere acompanhar o cenário antes de tomar grandes decisões, quem depende de investimentos para tocar o dia a dia do negócio vai encontrar algumas linhas subsidiadas, entre elas, para compra de máquinas e equipamentos, inovação e pequenos empreendimentos.

No caso das micro e pequenas empresas, as condições de financiamento têm sido mais favoráveis nos últimos anos, o que estimula empresários como Andréas Marcelo Boebel, 32 anos, a investir, apesar dos entraves burocráticos que ainda persistem.

Como gerente e sócio administrativo da microempresa Zínia Análises Microbiológicas, de Joinville, Boebel já está em contato com seu agente financeiro em busca da melhor linha de crédito para financiar US$ 300 mil em equipamentos. Em 2014, o investimento em modernização tecnológica será o dobro do que o concretizado em 2012.

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Linhas atrativas

Quem pretende investir no negócio em 2014 vai encontrar algumas linhas atrativas para compra de máquinas e matéria-prima e modernização produtos e processos. As oportunidades não beneficiam apenas grandes corporações. Empresas de pequeno porte e o empreendedor individual também têm vez.

Há opções com índices inferiores à taxa básica de juros, a Selic (de 10,5% ao ano), e outras que se caracterizam pela rapidez na liberação dos recursos.

– O semestre passado foi forte para aproveitar as condições favorecidas em 2013. Agora, a situação mudou, mas as taxas continuam atraentes e acredito que teremos um ano promissor – analisa o gerente da agência empresarial Norte catarinense do Banco do Brasil, Giovani Dávila Gruppelli.

Para o presidente da Agência de Fomento do Estado de Santa Catarina (Badesc), João Paulo Kleinübing, o ano de 2013 começou difícil, com volume de contratações muito pequeno, mas depois o investidor resolveu acordar. Em 2014, pode acontecer o mesmo.

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Seja qual for o motivo da busca de recursos, o empresário vai precisar de informação e muita pesquisa para fazer o dinheiro render. Ao entrar em qualquer instituição bancária, encontrará uma lista variada de opções de crédito e diferentes taxas de juros, não importa o porte e setor de atuação.

Olhar somente os juros é o primeiro erro. Há uma série de taxas embutidas. Para comparar propostas, o que importa é o custo efetivo total, indicam analistas. Vale a pena memorizar estas três palavras, pois elas podem fazer diferença.

Ali estão descritas todas as taxas e quanto, efetivamente, o empresário irá desembolsar. Para pessoa física e microempresa, a informação é obrigatória desde 2007.

– A diferença cobrada é muito grande. Uma taxa de 10,5% ao ano, por exemplo, com o spread (margem do banco) pode chegar a um custo de 20% ao ano – constata o presidente da Federação das Associações de Micro e Pequenas Empresas e Empreendedor Individual de Santa Catarina (Fampesc), Diogo Otero.

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Finame/PSI

A linha Finame/PSI, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), é a principal referência na hora de comprar máquinas e equipamentos nacionais.

O subsídio é uma das melhores opções para equipamentos fabricados no Brasil. Créditos acima de R$ 10 milhões são feitos diretamente com o BNDES. Abaixo desse valor, ocorre de forma indireta, por meio de instituições credenciadas.

Ela também inclui investimentos em inovação. Os equipamentos com maiores índices de eficiência energética ou que contribuam para redução de emissão de gases de efeito estufa apresentam prazo de até 12 anos, e de três a 24 meses de carência.

Vale conferir, ainda, os programas e linhas da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

– Temos visto algumas manifestações de cautela, mas inovação tem atraído cada vez os empresários. Em 2012, por exemplo, havia R$ 10 bilhões disponíveis no Programa Inova, e a demanda chegou a R$ 50 bilhões – afirma o superintendente de fomento e novos negócios da Finep, Paulo José Resende.

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Em SC, o programa BRDE Inova foi lançado no final do ano passado com a proposta de oferecer uma série de flexibilizações de garantia. O primeiro passo para conseguir a concessão de crédito é procurar instituições que apoiam a pesquisa e tecnologia em todo o Estado, como a Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate) e a Associação Catarinense das Fundações Educacionais (Acafe).

– O BRDE tem grande tradição de analisar projetos industriais, mas pouca experiência em projetos de inovação, então buscamos as instituições que fazem isso e que têm contato com as empresas inovadoras. Elas fazem o filtro dos projetos para analisarmos a concessão de crédito – explica o gerente de operações da agência do BRDE em SC, Marcone de Melo.

Segurança na hora de buscar recursos

Um está à frente de uma pequena indústria que fabrica equipamentos para movimentação de carga em Araquari, a Movikraft. Outro, é sócio e gerente técnico da microempresa Zínia Análises Microbiológicas, de Joinville.

Em comum, os dois participam de entidades de classe e, por estarem bem informados sobre crédito, acertaram na hora buscar recursos para tocar o negócio.

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No caso da Movikraft, o proprietário Gilberto Boettcher financiou R$ 400 mil para abrir a empresa, quatro anos atrás.

– Utilizei um mix de financiamentos para cobrir todo o investimento. No início, tive que andar bastante para conseguir todos os recursos. Mas eu já conhecia o meio. Não comecei sem informação. O conhecimento que tinha ajudou – diz Boettcher, que também é presidente da associação das micro e pequenas empresas de Araquari.

O empresário recomenda checar o que as cooperativas de crédito oferecem, pois a margem cobrada por elas costuma ser menor do que as praticadas pelos bancos comerciais. Em 2014, Boettcher diz que pretende buscar recursos para manutenção do capital de giro, comprar máquinas e investir em tecnologia.

Andréas Marcelo Boebel, da Zínia Análises Microbiológicas, sabe que seu negócio depende da precisão cada vez maior das análises e isto só é possível por meio de tecnologia.

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No início de 2012, financiou R$ 150 mil para adquirir equipamentos importados dos Estados Unidos que fizeram o faturamento da empresa crescer 28% desde então, pela maior precisão e velocidade das análises.

Neste ano, novamente vai adquirir equipamentos de alta tecnologia, que totalizam US$ 300 mil, e já está analisando as melhores opções de crédito.

– Recurso para inovação existe, mas é preciso buscá-lo, ter uma ideia inovadora e construir um bom projeto – diz Boebel, que é um dos diretores Associação de Joinville e Região da Pequena, Micro e Média Empresa (Ajorpeme).

Apoio às pequenas empresas

Nos últimos anos, as opções de crédito para as micro e pequenas empresas vem crescendo, mas as entidades ainda apontam dificuldades relacionadas à burocracia e garantias para ter acesso aos recursos.

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De acordo com o presidente da Fampesc, Diogo Otero, o Projeto Crescer, da Caixa Econômica Federal, tem juros acessíveis de 0,48% ao mês, com teto até R$ 15 mil, mas é preciso facilitar o processo.

Para isso, a Fampesc quer se tornar o elo entre as duas pontas da cadeia, já que nem todos os empreendedores estão familiarizados com questões financeiras e contábeis.

– Em seis meses, queremos ter centros de atendimento para os empreendedores individuais nas áreas contábil, jurídica, com agentes que possam indicar o melhor caminho – diz Otero.

Para o empreendedor individual, o destaque é o Programa Juro Zero, que contabilizou mais de 50 mil operações no Estado. Com o teto de R$ 3 mil, é utilizado por aqueles que faturam até R$ 60 mil por ano.

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Esses empreendedores encontram ali o dinheiro para comprar materiais que vão viabilizar pequenos negócios. Empreendedores também aproveitam os recursos para quitar empréstimos adquiridos em outras instituições. Os recursos podem ser disponibilizados via instituições de microcrédito.