Uma engenharia financeira complexa, que envolve financiamento do BNDES e verbas do Atlético-PR e dos governos municipais e estaduais, marca a reforma na Arena da Baixada. A um custo de R$ 184,6 milhões, a obra no estádio receberá R$ 131,5 milhões do BNDES.

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Os recursos do poder público foram viabilizados por meio de títulos de potencial construtivo. Para a liberação do financiamento foram realizados dois contratos: um envolvendo o BNDES e o Fundo de Desenvolvimento Econômico (FDE) do Estado, administrado pela Agência de Fomento do Paraná e que receberá o aporte financeiro, e outro entre a Agência de Fomento e a CAP S/A, uma Sociedade de Propósitos Específicos (SPE) criada exclusivamente para gerir as obras.

O secretário estadual da Copa, Mário Celso Cunha, garante que não houve injeção de dinheiro público na obra. O Atlético deu como garantias para o empréstimo o seu Centro de Treinamentos além dos próprios títulos de potencial construtivo. Em janeiro deste ano, o Atlético recebeu a primeira das cinco parcelas do empréstimo, no valor de R$ 24,6 milhões. O clube chegou a reclamar publicamente da demora para a liberação do recurso, o que, segundo o BNDES, ocorre devido à necessidade de comprovação de medição da obra – as parcelas são liberadas gradualmente, de acordo com o estágio de realização da reforma. A segunda parcela deve ser liberada nos próximos dias.

Autogestão da obra

Além do modelo financeiro, outra particularidade na condução das obras pelo Furacão é a autogestão da obra, sem a necessidade de contratação de uma empreiteira. “O projeto do Atlético é o único entre todas as sedes que segue este modelo [de estádio particular, como RS e SP]. Seremos o único clube brasileiro sem endividamento e com patrimônio próprio nas próximas décadas”, informou o clube em recente nota explicando o modelo adotado.

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À frente de todo o projeto está a figura do presidente da CAP S/A e atual presidente do Atlético, Mario Celso Petraglia. Foi ele quem, há quase 20 anos, liderou uma revolução na história atleticana, modernizando o patrimônio, com a construção da Arena, inaugurada em 1999 e sendo por muitos anos o estádio mais moderno do país, e do Centro de Treinamentos do Caju, referência nacional em preparação esportiva, além de levar o clube às suas principais conquistas: o título de campeão brasileiro em 2001 e os vice-campeonatos Brasileiro, em 2004, e da Libertadores em 2005.

Amado e odiado na mesma proporção, inclusive por atleticanos, a gestão de Petraglia no Atlético também é movida a polêmicas. A mais recente é a proibição dos meios de comunicação de acompanhar o dia a dia do clube nos treinamentos, a negativa de contrato com a televisão para a transmissão dos jogos no Campeonato Paranaense e a mais inusitada de todas: a proibição de atletas, comissão técnica e funcionários do clube de conceder entrevistas, sob pena de serem multados. A determinação vale, inclusive, para o tema obras da Copa. Essa decisão é amplamente criticada pelos órgãos de imprensa paranaense. “Defendemos que o futebol deve ser tratado como assunto de interesse da sociedade, afinal, é um bem do nosso patrimônio cultural no Brasil. O acesso dos profissionais da imprensa ao time atleticano é fundamental para o jornalismo de qualidade e para a transparência, como ocorre com os outros times de futebol”, informou a diretoria do Sindicato dos Jornalistas do Paraná.

A reportagem de Zero Hora tentou agendar uma entrevista com representantes do clube para abordar as questões sobre a engenharia financeira e o atual estágio das obras na Arena, mas o Atlético, através de sua assessoria de imprensa, informou que não se pronunciaria sobre essas questões.

RAIO-X

Curitiba

Estádio: Arena da Baixada (R$ 184,6 milhões)

Conclusão: 56,55% do estádio, mas 30% da reforma prevista

Investimentos na cidade: cerca de R$ 573,4 milhões

Problemas: obras no trecho que liga a rodoviária ao aeroporto Afonso Pena, que preveem a desapropriação de terrenos e transposição da linha férrea. O projeto inicial prevê a conclusão em maio de 2014, mas com tantos ajustes corre o risco de ser travado. No estádio, o principal gargalo é a área de estacionamento na Arena. O projeto inicial previa a construção de vagas subterrâneas, além de 1.250 na área do estádio. Mas a Fifa faz restrições ao estacionamento subterrâneo, o que exige do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba outras alternativas – uma delas é utilizar locais particulares já construídos em regiões próxima ao estádio.

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