Poderá parecer estranho olhar para uma das áreas técnicas, na Ressacada ou na Arena Condá, e não encontrar Hemerson Maria. Afinal, o treinador de 44 anos estava presente em quatro das cinco finais do Campeonato Catarinense. Claudinei Oliveira e Vagner Mancini disputam pela primeira vez o estadual e ocuparão o espaço enquanto Hemerson não estará envolto de torcedores ao seu redor, mas em casa, rodeado de amigos e familiares, diante do televisor, comendo pipoca.
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Não vai ser um jogo qualquer, ou mais um entre tantos que acompanha desde a saída do Fortaleza, em fevereiro. A identificação forte com o futebol do estado faz com que o Catarinense tenha espaço privilegiado entre as preferências do técnico, que vão da Liga dos Campeões ao Campeonato Paraibano. Do estadual, viu o bastante para ter uma análise clara sobre os finalistas, até porque faz parte do momento do treinador. Em período sabático, se dedica também à leitura – está lendo a biografia de Alex Ferguson ¿Liderança¿ – e também voltar a conviver novamente com a esposa e a filha em Florianópolis.
Das quatro finais que disputou, uma pelo Avaí e três no comando do Joinville, Hemerson Maria garante que venceu duas. Não ouse tirar dele o sentimento de campeão estadual de 2015, quando o JEC perdeu o título para o Figueirense em tribunais. A experiência em decisões em solo catarinense é o bastante para o alerta ao torcedor: vai sobrar disputa entre Avaí e Chapecoense e deve faltar um futebol vistoso.
Leia a entrevista na íntegra a seguir.
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É estranho estar fora de uma final de Catarinense, já que esteve presente em quatro das últimas cinco?
— É estranho. A rotina doméstica é diferente. Quando se está no futebol, há um cronograma: acorda, vai estudar a equipe adversária, programa o treinamento, trabalha,volta para casa e faz tudo novamente. Neste tempo tenho aproveitado a família, algo proveitoso.
Sente falta do futebol?
— Sinto porque faz parte da minha vida. Desde os oito anos estou dentro de campo. Às vezes quando se está naquele corre-corre do futebol você clama por um dia de folga, para estar próximo da família, mas passadas 24 horas você quer estar no mundo do futebol novamente, quer retomar a rotina. Tem sido um momento proveitoso, de aprendizado, estou estudando bastante. Acredito que em um espaço curto voltarei a fazer o que mais gosto.
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O que engloba o estudo? Inclui assistir jogos de diferentes campeonatos e leitura?
— Tenho lido bastante, mas não apenas sobre questões táticas e técnicas, mas também questão psicológica. Tenho lido biografias de treinadores, em como lidar com o atleta, talvez seja este o grande segredo do treinador. E assisto a jogos de diversas ligas, não só do Brasil. Acompanho tudo: Copa do Nordeste, Campeonato Paraibano, segunda divisão de São Paulo. Principalmente para ter um catálogo de jogadores, estar por dentro das inovações.
Acompanhou o Catarinense até agora?
— Tenho acompanhado bastante. O campeonato deste ano foi bastante equilibrado. Como sempre, o Catarinense é um dos mais equilibrados do Brasil. Todos os anos há quatro ou cinco equipes que buscam o título. O Avaí saiu na frente pelo entrosamento, a Chapecoense fez um investimento maior. Acredito que as duas melhores equipes chegam à final.
Qual a análise dos finalistas?
— O Avaí tem o entrosamento de sua equipe. O Claudinei conhece o grupo, tem o elenco na palma da mão, o que é importante. Ele extraiu o máximo dos atletas. O sistema de jogo do Avaí é bem definido, as substituições são previamente definidas. Ele aproveitou a base do ano passado, do acesso à Série A do Campeonato Brasileiro, e os jogadores que chegaram acrescentaram, como o caso do Júnior Dutra, que ajudou bastante. As reposições também foram pontuais. Foi uma equipe campeã do primeiro turno e é normal a queda de rendimento que houve, é a acomodação dos jogadores, algo difícil do treinador lidar. A Chapecoense fez investimento maior. Ela montou uma equipe. O (gerente de futebol João Carlos) Maringá, que tive o prazer de trabalhar no Joinville, está de parabéns, junto com o Vagner Mancini, foi montada uma equipe muito competitiva em espaço curto. Demorou um pouco para engrenar, mas acredito que a Chapecoense e o Avaí foram as melhores equipes do campeonato.
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Dos dois há algum favorito?
— É difícil apontar favorito. A equipe que joga o segundo jogo da final em casa no Campeonato Catarinense, algo histórico, tem um leve favoritismo. Mas é muito importante o primeiro jogo, que dá o rumo para levar alguma vantagem, aumentar ou até definir ainda no primeiro jogo. A partida que o Avaí faz na Ressacada, com o apoio da torcida que se agiganta nestes momentos, é importante. A Chapecoense vai estar envolvida na Libertadores e terá de ter cuidado para não perder o foco, por estar muito concentrada numa competição e relaxar na outra. Isso pode ser um ponto favorável ao Avaí também.
O peso do jogo de ida é algo que parece marcante para você pelas finais que viveu em Santa Catarina.
— Disputei uma com segundo jogo em casa e as outras três foram fora. Na minha primeira decisão (Avaí, em 2012) houve esse fato do fator campo, de jogar a primeira em casa. Soubemos tirar proveito, fizemos um placar elástico e, mesmo se tratando de clássico, acho que foi importante controlar o lado emocional dos atletas, para não haver empolgação e oba-oba. Controlamos bem isso, tínhamos um grupo experiente, controlamos o segundo jogo e saímos campeões. O primeiro jogo foi primordial. Em 2015 o fator campo no 0 a 0 com o Figueirense fez com que a gente tivesse a vantagem e fosse campeão na Arena Joinville. E os outros dois títulos perdemos justamente pela questão do mando de campo. Fizemos 2 a 1 na Arena em 2014, e o Figueirense fez o mesmo no segundo jogo e tinha a vantagem. E ano passado a Chapecoense venceu o primeiro jogo e conseguiu o empate na Arena Condá para ser campeã.
Houve alguma equipe que poderia competir com os dois?
Técnico Hemerson Maria comenta sobre o desempenho dos outros times e aponta que Avaí e Chapecoense foram realmente melhores em cada turno. Veja no vídeo.
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Hemerson Maria fala sobre a final do Campeonato Catarinense
Pela proposta diferente das equipes, tende a ser placar de vantagem mínima?Hemerson Maria disseca as duas equipes. Veja no vídeo.
Hemerson Maria comenta propostas diferentes no estilo de jogo
Hemerson Maria fala de títulos conquistados
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