Com o avanço da vacinação no país e no mundo, algumas pessoas voltaram a questionar até quando o uso de máscaras será obrigatório. O assunto ganhou destaque nesta segunda-feira (23) após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sinalizar que deve conversar com o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, sobre o fim dessa obrigatoriedade.

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Mas, em Santa Catarina, as principais autoridades de saúde descartam a possibilidade de desobrigar as pessoas a usar máscaras, principalmente no momento em que o Estado vê a escalada da variante Delta em todas as regiões – até segunda-feira, ao menos 43 casos já foram diagnosticados. 

O secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, afirma que elas serão obrigatórias até o fim do ano. Já nas secretarias municipais, o assunto ainda não está em discussão. 

Um dos motivos apontados por Bolsonaro para a liberação do uso de máscaras é o avanço na vacinação contra a Covid-19. Porém, se levar em conta os dados de Santa Catarina, apenas 27,32% foi totalmente imunizada até esta segunda-feira (23), seja com a segunda dose ou a vacinação em dose única.

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Para o professor do Laboratório de Imunologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Daniel Mansur, a vacinação não pode ser usada como motivo para a liberação das máscaras no momento, já que parte da população só recebeu uma dose.

— A vacinaçao está caminhando, mas grande parte das pessoas, até o momento, recebeu só uma dose. Por isso, em um momento em que a variante Delta está chegando, não usar a máscara é um erro — pontua.

Além disso, a chegada da nova mutação do vírus no Estado traz um alerta, segundo o professor, principalmente porque ainda não é possível prever como será o comportamento da Delta. Por isso, é tão importante continuar com os cuidados. 

— Nos Estados Unidos ou no Reino Unido, onde há uma recusa pela vacina, temos um crescimento no número de infecções em pessoas não vacinadas. Em contrapartida, no Brasil, apesar do ritmo, as pessoas têm buscado pela vacina. Por isso, ainda temos que analisar com o tempo como ela [a Delta] vai se comportar aqui antes de tomar as decisões — complementa.

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Em SC, entidades se posicionam contra a liberação

Desde abril de 2020, o uso de máscaras é obrigatório em Santa Catarina. Quase um ano depois, em março de 2021, o Estado estipulou uma multa de R$ 500 para quem não usar o equipamento em lugares fechados. A fiscalização é feita pelas autoridades de saúde municipais e estaduais. 

São isentos da multa pelo não uso de máscara pessoas com transtorno do espectro autista, com deficiências intelectuais, sensoriais ou quaisquer outra que as impeçam de fazer o uso adequado de máscara de proteção facial, além de crianças com menos de três anos. As pessoas que têm algum tipo de deficiência precisam apresentar a declaração médica, que pode ser digital.

Mais de um ano depois, as principais entidades de saúde de Santa Catarina são unânimes quando o assunto é o uso das máscaras: não é hora de relaxar. Nas redes sociais, o secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, afirmou que a prática deve continuar obrigatória, ao menos, até o fim de 2021. 

“Me perguntaram hoje: ‘Secretário, quando o senhor acha que vamos poder sair sem máscaras?’ Eu disse que essa era uma pergunta que eu não saberia responder, mas que com certeza esta data não pertence a 2021”, disse na publicação. 

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Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde informou que o uso segue obrigatório no Estado e que, no momento, não há nenhum estudo em andamento para que haja a liberação.

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Além do Estado, Blumenau e Joinville também têm decretos que obrigam o uso. A prefeitura de ambas as cidades informou que não há nenhuma discussão no momento para a liberação. Já a secretaria de saúde de Florianópolis alegou, por meio de assessoria, que segue as normas do decreto estadual, mas não descartou a possibilidade de avaliar a situação, caso o Estado deixe de tornar o uso obrigatório.

O secretário de saúde de Tubarão e presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde em Santa Catarina (Cosems/SC), Daisson José Trevisol, pontua que as máscaras são essenciais para prevenir a infecção do vírus. 

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— O Cosems não discute a liberação da máscara por enquanto. Ela é uma das medidas mais eficazes na prevenção [do coronavírus]. Mesmo com a vacinação, ainda não é o momento para a liberar — salienta.

Depois de flexibilizar o uso, países voltam atrás na decisão 

A chegada da variante Delta é um dos motivos para que as máscaras não sejam liberadas tão cedo. Nos Estados Unidos, por exemplo, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças voltou a recomendar que todos, até os vacinados, usem máscaras em ambientes fechados nas regiões com alta transmissão da Covid-19. 

O principal motivo, segundo informações do G1, foi o salto no número de novos casos diários no país, de 13 mil para mais de 57 mil, em poucas semanas devido a variante. Além disso, a baixa procura da vacina também influenciou para a retomada do uso.

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O número de infecções, inclusive, foi outro argumento usado pelo presidente como motivo para liberação das máscaras. Em entrevista à rádio Regional FM 91.5, ele alegou que as pessoas que já se contaminaram com o vírus estão “imunizadas”. 

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Mas, o professor da UFSC, Daniel Mansur, alega que isso não é verdade, já que a pessoa pode se reinfectar com o coronavírus. Em junho, Santa Catarina confirmou quatro casos de reinfeccão do vírus.

— Se fosse esse o caso, estaríamos no fim da pandemia. Mas os dados não refletem uma melhora — argumenta.

E até quando vamos usar as máscaras? 

Para Mansur, ainda é cedo para determinar quando será o momento ideal para deixar de fazer o uso de máscaras, seja em espaços abertos ou fechados. 

— É díficil prever. Espera-se que quando tenhamos completado o ciclo de vacinação, até o final do ano, e a aplicação da terceira dose, se tenha a tendência para relaxar a medida. Mas isso é algo que será visto com o tempo — finaliza.

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