Santa Catarina é o estado com maior incidência de melanoma (o tipo mais grave do câncer de pele) do país. Por isso, mesmo no inverno, a população catarinense deve estar atenta para evitar a doença. Em dias nublados, muitos desconsideram a exposição aos raios ultravioletas (UV) e concluem que não existe perigo. Mas essa percepção é falsa, e os cuidados com a exposição ao sol devem ser mantidos na estação mais fria do ano, visto que doenças como o câncer de pele podem ser contraídas mesmo nesta época.

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— Embora os riscos sejam mais elevados no verão por exposição maior ao sol, são extensivos às outras estações. Mesmo nessas ocasiões, que dão a falsa sensação de segurança, as pessoas permanecem sujeitas a mais de 80% dos raios UV — afirma o médico oncologista Rodrigo Rovere.

O oncologista destaca que a orientação é evitar exposição direta ao sol por períodos prolongados, mantendo os mesmos cuidados adotados no verão, como aplicação de protetores solares e uso de roupas com proteção UVA e UVB. Essas recomendações devem ser seguidas ainda com mais atenção por indivíduos que já tiveram diagnóstico positivo para câncer de pele.

A neoplasia pode surgir em qualquer parte do corpo, na forma de manchas, pintas ou sinais e tem altos índices de cura se detectada precocemente. Ao primeiro indício de mudança nessas pintas ou sangramento, é preciso consultar logo um especialista. O diagnóstico é realizado através de exame clínico em consultório ou com o auxílio de exames complementares para a visualização das diferentes camadas da pele, além da realização de uma biópsia.

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Fatores de risco do câncer de pele

Além da exposição prolongada e repetida ao sol, principalmente na infância e adolescência, outros fatores de risco são ter pele e olhos claros, ser albino e ter vitiligo. Também estão mais vulneráveis as pessoas com histórico da doença na família e quem faz tratamento com medicamentos imunossupressores.

A doença é mais comum em pessoas com mais de 40 anos, porém, com a constante exposição de jovens aos raios solares, a média de idade dos pacientes vem diminuindo.

— A infância é o período da vida mais suscetível aos efeitos danosos da radiação UV, que se manifestarão mais tardiamente na fase adulta sob a forma de câncer de pele. Portanto, se levarmos em conta que a radiação solar tem efeito cumulativo, a prevenção deve se iniciar com os bebês, evitando a exposição ao sol nos horários de risco e pelo uso de produtos específicos para a faixa etária — explica Ana Cristina Pinho, diretora do Instituto Nacional do Câncer (INCA).

Atenção aos sinais na pele

O especialista Rodrigo Rovere sugere uma forma de reconhecer os sinais de câncer de pele. As alterações das manchas escurecidas ou pintas podem ser classificadas no sistema “ABCDE”, ou seja, Assimetria, Bordas irregulares, Cor, Diâmetro e Evolução:

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  • Assimetria: quando uma metade da lesão não é igual à outra metade;
  • Bordas: quando a mancha, sinal ou pinta possui um contorno irregular;
  • Cor: caso tenha cores diferentes, entre vermelho, marrom, cinza e preto;
  • Diâmetro: quando a pinta está aumentando de diâmetro;
  • Evolução: caso a lesão tenha mudanças rápidas e recentes em suas características ao longo do tempo, como tamanho, forma e cor.

Tratamento pelo SUS

O paciente que encontrou um sinal suspeito de câncer de pele deve comparecer ao posto de saúde mais próximo de sua casa. Em caso de urgência, deve procurar uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

Após o atendimento e avaliação preliminar por um clínico geral o paciente será encaminhado a um Ambulatório de Especialidades, onde um especialista (dermatologista ou cirurgião) fará a avaliação dos sintomas. O especialista pode pedir exames complementares e biópsia com exame anatomopatológico para confirmar o resultado.

Assim como na rede privada, o tratamento do melanoma oferecido pelo Sistema Único de Saúde segue um planejamento, conforme o tipo, a localização e o estadiamento do tumor. Cada paciente é único e tem um planejamento adequado às suas características oferecido gratuitamente.

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Relembre os cuidados básicos

A boa notícia é que o câncer de pele é de fácil prevenção pelo controle dos fatores de risco. Veja os cuidados básicos:

  • Evitar exposição prolongada ao sol entre 10h e 16h.
  • Procurar lugares com sombra.
  • Usar proteção adequada, como roupas, bonés ou chapéus de abas largas, óculos escuros com proteção UV, sombrinhas e barracas.
  • Aplicar na pele, antes de se expor ao sol, filtro (protetor) solar com fator de proteção 30, no mínimo. É necessário reaplicar o filtro solar a cada duas horas, durante a exposição ao sol, bem como após mergulho ou grande transpiração. Mesmo filtros solares “à prova d’água” devem ser reaplicados.
  • Usar filtro solar próprio para os lábios.
  • Em dias nublados, também é importante o uso de proteção.
  • As tatuagens podem esconder lesões, portanto, merecem atenção.
  • Nas atividades ocupacionais, pode ser necessário reformular as jornadas de trabalho ou a organização das tarefas desenvolvidas ao longo do dia.

*Sob supervisão de Andréa da Luz

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