Quem nunca descartou papel higiênico no vaso sanitário ou deixou o cabelo cair pelo ralo pensando que não estaria fazendo nada de errado? Pois é. Esses comportamentos prejudicam e muito a rede coletora de esgoto. Causam entupimentos, retorno do esgoto aos imóveis, vazamentos e mau cheiro.

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::: Você acha que deveria haver uma fiscalização para quem joga lixo indevido na rede de esgoto? :::

A necessidade de desobstruções frequentes levou a Companhia Águas de Joinville a criar, em setembro do ano passado, em parceria com uma empresa especializada em materiais de PVC, um filtro educador. O dispositivo é instalado entre a rede do consumidor e da companhia e permite que sejam retidos os resíduos médios e grandes, deixando a água escoar normalmente.

– Ele tem dentinhos na lateral, o que faz com que o material mais sólido, como o papel higiênico e o absorvente, se grudem à superfície -, explica o técnico em saneamento da Águas de Joinville, Thiago Alberto Amorim.

Desde o início do projeto foram instalados sete filtros na região central da cidade, nos locais que mais apresentaram problemas com a rede de esgoto. Atualmente, dois filtros estão ativos no bairro Atiradores: um na rua Leopoldo Fischer e outro na Aquidaban.

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– O nosso principal problema é o papel higiênico e, nas redes mais antigas, a gordura -, disse a técnica em saneamento da companhia Dalva Schnorrenberger.

Assim que são descobertas as residências que causam prejuízo à rede de esgoto, a coordenação de educação socioambiental da companhia é avisada para fazer a abordagem domiciliar e orientar os moradores quanto ao uso adequado da rede de esgoto.

No filtro instalado na rua Leopoldo Fischer há alguns dias, por exemplo, foram encontrados 500 gramas de lixo, o que, para os técnicos, é uma quantidade grande. Dalva explica que o filtro não é um dispositivo fixo, mas sim um identificador do problema.

– O filtro é um educador ambiental. Através dele achamos o problema, mas o que resolve a situação é a conscientização das pessoas -, alerta.

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A companhia continuou monitorando os filtros para verificar o resultado do trabalho. Em um dos prédios onde foi instalado, a quantidade de lixo encontrado na rede de esgoto diminuiu, passando de 600 g em 26 de janeiro para aproximadamente 150 g em 17 de março. No outro prédio, mesmo depois da abordagem socioambiental, o resultado não foi tão positivo e o edifício teve problemas internos por causa da quantidade de materiais despejados inadequadamente na rede de esgoto.

– A rede de esgoto da cidade está em ampliação, e nós precisamos conscientizar as pessoas da maneira correta do uso da rede. Caso contrário, nossos problemas serão muito grandes -, afirma Simone Malutta, engenheira sanitarista da companhia.

Limpeza constante causa prejuízo

A necessidade constante de desobstruções impacta diretamente no custo de manutenção das redes. A companhia gasta mensalmente R$ 30 mil com ações corretivas (o desentupimento de uma tubulação, por exemplo) e de prevenção (quando é colocada uma mangueira dentro de uma galeria para empurrar o que houver de detritos).

– O valor cobrado pela empresa terceirizada poderia ser dispensado se a população se conscientizasse de quanto o lixo causa danos na rede coletora. Vaso sanitário não é lixeiro -, afirma o gerente de operação e manutenção da Águas de Joinville, Cesar Renholt Meyer.

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A técnica em saneamento Dalva Schnorrenberger explica que, em alguns locais, a limpeza da rede de esgoto tem de ser feita semanalmente, chegando a ser realizada, em alguns pontos, a cada dois dias. Essa manutenção é feita para retirar lixo e também o óleo descartado pela pia, o que frequentemente ocorre em locais próximos a restaurantes.

– O óleo solidifica e forma crostas, que obstruem a tubulação -, explica Dalva. Segundo ela, cerca de 30% das reclamações de entupimento de rede têm como causa o óleo de cozinha jogado na pia ou vaso sanitário.

Na rede

O lixo jogado na rede que leva o esgoto até a estação de tratamento de esgoto (ETE) Jarivatuba fica retido em cestos nas estações elevatórias – locais que bombeiam o esgoto até as estações – e precisa ser retirado mensal ou quinzenalmente por uma empresa terceirizada, explica a técnica em saneamento Rafaela Machado Soares. Mas parte do que é jogado na rede coletora consegue chegar à outra estação de tratamento de esgoto.

Na ETE Espinheiros – uma estação nova, com baixo número de ligações, que ainda não funciona na capacidade máxima – já são encontrados diariamente papéis higiênicos, preservativos, embalagens, tampas de plástico, papéis de bala e até pedaços de brinquedos, o que atrasa o funcionamento adequado da estação.

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