Inicia amanhã no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, a mostra A boca da Boca – A produção de A. P. Galante, com os mais importantes filmes de Antonio Polo Galante, principal produtor da Boca do Lixo, nome dado à região do Centro de São Paulo que concentrava a produção de filmes nas décadas de 1960 a 1980.

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Galante, de 78 anos, mora desde 2001 em Itapema, no Litoral Norte catarinense. Mas ainda pretende produzir mais um filme, desta vez, autobiográfico, baseado no livro O Bilhete Azul – passaporte para a liberdade, sobre a trajetória de Galante, escrito por sua mulher, Manuela Galante, que morreu há pouco tempo. O filme aguarda aprovação da Ancine para a captação de recursos.

A vida do produtor foi tão intensa e cheia de dramaticidade que merece, mesmo, ser contada. Ele nasceu no interior de São Paulo, perdeu a mãe aos três anos e foi parar numa instituição onde sofreu maus-tratos. Depois, foi guia de cego, morador de rua e serviu ao Exército. Até que conseguiu emprego num estúdio de cinema da Boca do Lixo, como faxineiro.

Curioso e inteligente, logo foi conquistando novos postos. Em 1967 comprou um filme inacabado, enxertou umas cenas eróticas e deu o nome de Vidas Nuas. Foi seu primeiro sucesso. Depois, vieram vários outros, que ele mesmo financiava. Em duas décadas, lançou 65 películas, de pornochanchadas a comédias; de suspenses a musicais e faroestes.

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A mostra no Museu da Imagem e do Som, sob curadoria de Eugenio Puppo, começa amanhã e prossegue até o dia 7, com a projeção de 14 longas-metragens, além de trailers raros da época, que serão exibidos na abertura do evento.

Galante estará presente na abertura da mostra, e participará de um debate com o crítico Inácio Araújo, às 20h, no Auditório do MIS. O encontro será precedido pela exibição de quatro trailers raros da época, às 18h15, e do longa A mulher de todos, de Rogerio Sganzerla, às 18h30.

Alguns filmes produzidos por Galante

Vidas Nuas (de Ody Fraga), 1967

A mulher de todos (de Rogério Sganzerla), 1969

À Flor da pele (Francisco Ramalho Jr), 1976

A ilha dos prazeres proibidos (Carlos Reichenbach), 1979

Convite ao Prazer, (Walter Hugo Khouri), 1980