Um Corpo que Cai
(Vertigo) – De Alfred Hitchcock. Com James Stewart e Kim Novac. Um dos grandes filmes de um dos grandes cineastas do mundo, eleito o melhor longa da história na mais recente edição da tradicional votação do British Film Institute (desbancando Cidadão Kane, que liderou a enquete ao longo de décadas), Um Corpo que Cai é uma aula de suspense psicológico sobre um detetive seguindo a mulher de um amigo – e tendo de enfrentar sua fobia de altura, já que a mulher demonstra estranha atração por locais altos. As ladeiras de San Francisco funcionam à perfeição como cenário da trama, ainda que algumas de suas sequências antológicas se passem em ambientes internos – para não falar da parte final, rodada em um mosteiro nos arredores da cidade californiana. Um dos grandes lances do filme é a reflexão sobre dupla personalidade, ou melhor, sobre as sombras que cada um tem, algo natural no comportamento social e particularmente estudado pela psiquiatria a partir da chamada teoria do duplo vínculo. Sabe a elegância e a complexidade com a qual Hitchcock costuma dissecar a alma humana? Aqui essas características de sua obra encontram-se potencializadas. Suspense, EUA, 1958, 140min. Telecine Cult, sábado, 13h15min
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José e Pilar
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De Miguel Gonçalves Mendes. Belo documentário sobre José Saramago (1922 – 2010), centrado na sua relação com a mulher, a jornalista espanhola Pilar del Río. O casal foi acompanhado pelo diretor Gonçalves Mendes durante dois anos que envolveram a produção e o lançamento do livro A Viagem do Elefante. A finalização do filme coincidiu com a morte do Nobel de literatura, mas não foi apenas por isso que José e Pilar se tornou a produção não ficcional portuguesa mais popular de seu país – veja e constate suas qualidades. Documentário, Portugal/Espanha/Brasil, 2010, 117min. Canal Brasil, sábado, 13h40min
Acima das Nuvens
(Clouds of Sils Maria) – De Olivier Assayas. Com Juliette Binoche e Kristen Stewart. Belíssimo filme do sempre bom Assayas (você já viu, dele, a minissérie Carlos?) sobre uma atriz madura que se deixa abater quando uma jovem estrela de Hollywood (Chloë Moretz) é escolhida para interpretar o papel de uma peça que a fez famosa 20 anos antes. Em um retiro nos Alpes, ela leva a assistente – e com esta estabelece uma relação riquíssima, que igualmente pode ser descrita como um choque geracional. La Binoche e a surpreendente Kristen Stewart estão ótimas. Drama, França/Alemanha/Suíça/EUA, 2014, 135min. Telecine Cult, sábado, 19h30min
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Todo Mundo Tem Problemas Sexuais
De Domingos Oliveira. Com Pedro Cardoso e Claudia Abreu. Baseado no espetáculo homônimo do próprio Domingos e de Alberto Goldin, este longa passou quase despercebido. De fato, talvez seja o menos inspirado de sua fase “Boaa” (baixo orçamento e alto astral). Trata-se de um compilado de episódios sobre, como indica o título, situações vivenciadas por homens e mulheres em seus relacionamentos. Vale ver – Domingos sempre vale. Comédia, Brasil, 2011, 80 minutos. Canal Brasil, sábado, 19h35min
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O Paciente Inglês
(The English Patient) – De Anthony Minghella. Com Ralph Fiennes e Juliette Binoche. Esta mistura de melodrama com épico histórico sobre o encontro de uma enfermeira canadense com um piloto inglês ferido a quem ela ajuda ao fim da II Guerra Mundial surpreendeu ganhando nove Oscar. Era o ano de Fargo e O Povo Contra Larry Flint, ou seja, foi um certo exagero. Mas o filme é bom, e seus dois atores principais, excelentes. Drama, EUA, 1996, 162min. Sony, sábado, 22h30min
Feitiço do Tempo
(Groundhog Day) – De Harold Ramis. Com Bill Murray e Andie McDowell. Em um de seus papéis mais clássicos, Murray interpreta um meteorolgista que se vê preso numa repetição ininterrupta das mesmas 24 horas de sua vida. É uma comédia acima de tudo leve e divertida, mas que também faz pensar sobre a prisão da rotina e a passagem do tempo, temas candentes da contemporaneidade. Comédia, EUA, 1993, 101min. Sony, domingo, 11h
Zodíaco
(Zodiac) – De David Fincher. Com Jake Gyllenhaal, Mark Ruffalo e Robert Downey Jr. Baita suspense do diretor de A Rede Social (2010) e Clube da Luta (1999), sobre a história real de um serial killer que cometia uma série de crimes e avisava a polícia sobre os seus detalhes na Califórnia nos anos 1970. Em busca da fama, mandava cartas para os jornais, o que atiçou a curiosidade de um ilustrador. Para quem gosta do gênero, é difícil encontrar filme (muito) superior nos últimos anos. Suspense, EUA, 2007, 158min. Max Prime, domingo, 16h05min
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O Homem que Sabia Demais
(The Man Who Knew Too Much) – De Alfred Hitchcock. Com James Stewart e Doris Day. Um dos mais thrillers mais envolventes do mestre do suspense, este longa é uma refilmagem do título homônimo que o próprio Hitchcock dirigiu à época da passagem do cinema mudo para o falado. A história é a do envolvimento de um casal que nada tem a ver com o mundo do crime com uma organização que está para cometer um assassinato, algo que o grande cineasta explora com tensão crescente e, paradoxalmente, uma direção leve, que traz o espectador inocentemente para dentro da trama – e das aventuras involuntárias do casal. Suspense, EUA, 1956, 150min. Telecine Cult, domingo, 22h
Amor
(Amour) – De Michael Haneke. Com Jean-Louis Trintignant e Emmanuelle Riva. Retrato definitivo da vida corroída pela demência senil, aqui em toda a sua tristeza e crueldade porque afeta uma mulher cujo marido com quem divide tudo segue intelectualmente consciente e absolutamente saudável. Como o amor até então inabalável vai resistir? A resposta de Haneke, diretor de origem austríaca conhecido pelas visitas aos recônditos mais obscuros da alma humana (vide Caché, A Fita Branca e A Professora de Piano), é das mais duras, o que aumenta o impacto dramático sobre o espectador – e abala definitivamente conceitos pré-estabelecidos sobre o que é certo e o que é errado, o que é fazer o bem e o mal. A lendária atriz de Hiroshima Meu Amor (1959) foi largamente festejada pelo papel, o que é justo, mas não se pode diminuir a performance do igualmente genial ator de O Conformista (1970): as performances de Emmanuelle Riva e Jean-Louis Trintignant são igualmente espetaculares. Entre outros prêmios, Amor venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes e foi eleito o melhor filme estrangeiro no Oscar. Drama, França/Alemanha/Áustria, 2012, 127min. Arte 1, madrugada de domingo para segunda, 0h15min