O Selvagem da Motocicleta
(Rumble Fish) – De Francis Ford Coppola. Com Matt Dillon, Mickey Rourke e Dennis Hopper. Pequeno grande filme de Coppola sobre a idealização de um irmão mais velho pelo mais jovem em meio ao culto aos motoqueiros rebeldes dos anos 1950 e 60. Mickey Rourke, como o personagem referido no título, está no auge, e Matt Dillon, como seu mano caçula, protagonista da história, tem muito boa atuação. Tom Waits e Flea, do Red Hot Chili Peppers, aparecem rapidamente, assim como um novinho e irreconhecível Nicolas Cage, na época em que ainda assinava como Nicolas Coppola (ele é sobrinho do homem). A bela fotografia de Stephen H. Burum, em preto e branco com detalhes em cor na metade final, é um de seus pontos altos. Mas sua força está na capacidade de condensar os conflitos familiares e geracionais (o pai, interpretado por Dennis Hopper, é fundamental na construção dramática), algo que Coppola já havia feito em um filme semelhante (Vidas sem Rumo), adaptado da mesma escritora (S.E. Hinton) e lançado poucos meses antes (no mesmo ano de 1983). Drama, EUA, 1983, 94min. Telecine Cult, 16h35min
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(Burn After Reading) – De Ethan e Joel Coen. Com George Clooney, Frances McDormand, Brad Pitt, John Malkovich, Tilda Swinton e Richard Jenkins. Uma sequência de acontecimentos que começa com a demissão de um analista da CIA e termina com a perda de um CD contendo documentos confidenciais em uma academia de ginástica é a premissa para os irmãos Coen falarem de uma ampla e descontrolada perda do bom senso – qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência. O que é mais interessante neste que foi o primeiro filme da dupla após a vitória no Oscar com Onde os Fracos Não Têm Vez (2007) é que os dois diretores e roteiristas parecem atirar para todos os lados – e conseguem ser sempre certeiros. Seu 13º longa-metragem não é o melhor de sua carreira (este título cabe mais em Fargo, ou Barton Fink), talvez não seja nem o mais engraçado (lembra de Arizona Nunca Mais e O Grande Lebowsky?), mas é um dos mais bem-sucedidos em seus propósitos de desvendar certas características do mundo contemporâneo. Comédia, EUA, 2008, 96min. Telecine Cult, 22h
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Rocky, um Lutador
(Rocky) – De John G. Avildsen. Sylvester Stallone escreveu para si próprio interpretar a mais rentável saga de um boxeador do cinema – reza a lenda que ele teria recusado milhares de dólares pela venda dos direitos de seu roteiro e que os produtores Robert Chartoff e Irwin Winkler só teriam sido convencidos a escalá-lo como protagonista se o longa fosse realizado com a pífia (para os padrões de Hollywood) quantia de US$ 1 milhão. No fim a arrecadação foi superior a US$ 117 milhões, e Rocky conquistou três Oscar, entre eles os de melhor filme e direção. A franquia decolou e até conseguiu repetir o sucesso (com Rocky III, o primeiro com a música Eye of the Tiger), mas as forçações de barra do ponto de vista dramático (haja estômago para aguentar tanto sofrimento) e político (a relação EUA-URSS tem um maniqueísmo infantil) comprometem um tanto uma revisão da série. O primeiro filme, no entanto, continua com status de fundamental. Veja e compare sua trama com o filme-homenagem Creed (2015), que marca o retorno de seu protagonista e está neste momento em exibição nos cinemas. Drama, EUA, 1976, 119min. Telecine Cult, 23h50min
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Ligeiramente Grávidos
(Knocked Up) – De Judd Apatow. Com Seth Rogen e Katherine Heigl. Para além das piadas tolas sobre um grupo de garotos desocupados, que passam os dias fumando maconha e alimentando um site que mapeia (e ranqueia!) nus femininos nos filmes de Hollywood, esta divertida comédia assinada pelo produtor e diretor Apatow é um bom retrato da passagem para a vida adulta. Passagem forçada, à medida que impulsionada pela gravidez indesejada de uma garota que um deles conhece numa festa. Comédia, EUA, 2007, 129min. Warner, 1h30min
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Sangue Negro
(There Will Be Blood) – De Paul Thomas Anderson. Com Daniel Day-Lewis e Paul Dano. Grande filme, talvez o melhor de Anderson (que também dirigiu Magnólia, Boogie Nights, O Mestre), seguramente uma das grandes histórias de ascensão e queda da Hollywood contemporânea. Usando a expressividade possível em cada músculo do rosto, explorando trejeitos que o levam a um registro próximo do expressionismo, Day-Lewis está espetacular como um inescrupuloso magnata do petróleo que em sua trajetória de enriquecimento ousa desafiar o poder religioso no Texas da década de 1920. Preste atenção, também, na escala de contrastes da fotografia de Robert Elswit e na trilha sonora repleta de intervenções inesperadas assinada pelo guitarrista do Radiohead Jonny Greenwood – por onde quer que se olhe, Sangue Negro é um filmaço. Drama, EUA, 2007, 158min. Telecine Cult, 2h