Laranja Mecânica
(A Clockwork Orange) – De Stanley Kubrick. Com Malcon McDowell. Perfeccionista e pessimista, Kubrick fizera dois filmes destruidores a partir da dicotomia entre evolução tecnológica e involução humana, por assim dizer, em 1964 e 1968 – respectivamente, Dr. Fantástico e 2001, uma Odisseia no Espaço. Laranja Mecânica foi lançado na sequência de ambos. Como os dois títulos, revela pleno domínio das ferramentas técnicas a serviço de uma história que denuncia as dificuldades do homem para controlar seus impulsos destrutivos – sobretudo após os adventos da modernidade. Adaptação de um clássico das fábulas de ficção científica de Anthony Burgess, Laranja Mecânica narra o desajuste de um criminoso amante de Beethoven e de atos de ultraviolência vivendo num futuro não determinado. Supere um eventual mal-estar diante de suas sequências violentas: trata-se de um filme fundamental. Drama/Ficção científica, Grã-Bretanha, 1971, 137min. Max Prime, sábado, 18h40min
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Na Natureza Selvagem
(Into the Wild) – De Sean Penn. Com Emile Hirsch. Vencedor de dois Oscar como ator, Penn já provou ser um bom diretor. Este é seu quarto e melhor longa na direção (os outros foram Unidos pelo Sangue, Acerto Final e A Promessa). Narra a história real de um aluno e atleta brilhante que larga tudo e viaja rumo ao Alaska. Com energia, lindas imagens e generosidade para com esse grande personagem – às vezes, no entanto, “comprando” o seu discurso, o que se constitui um problema. Aventura, EUA, 2007, 148min. Telecine Touch, sábado, 19h15min
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Ratatouille
De Brad Bird. Uma animação de alta carga dramática – produzida pela Pixar, claro. Conta a história de um ratinho órfão simpático, de paladar e olfato apurados, que não quer comer apenas restos e se aventura na cozinha de um famoso restaurante de Paris. O visual é elaborado em todos os seus detalhes, e ainda carrega referências de estilos como o gótico (notadamente na figura do crítico gastronômico Antom Ego). Animação, EUA, 2007, 111min. Telecine Fun, sábado, 23h50min
Tudo Bem
De Arnaldo Jabor. Com Paulo Gracindo, Fernanda Montenegro, Anselmo Vasconcelos, José Dumont, Luiz Fernando Guimarães e Regina Casé. É comum encontrar outros longas de Jabor na programação das TVs por assinatura, mas este Tudo Bem é raro. Então aproveite porque se trata, talvez, do melhor filme do diretor e jornalista. A trama acompanha a rotina de uma família da classe média-alta vivendo no Rio. Foi classificada como um retrato satírico desse extrato social (curioso acompanhar se sobrevive com força nestes tempos de ascensão da chamada classe C), mas a verdade é que os conflitos são despertados pelo contato dessa família com pessoas de origens mais humildes, entre elas os pedreiros que reformam sua casa e a dupla de empregadas domésticas interpretadas por Maria Sílvia, como uma mulher mística, Zezé Motta, como uma faxineira que também trabalha como prostituta. Outra curiosidade é o paralelo com o fenômeno Que Horas Ela Volta? (2015), atualmente em cartaz nos cinemas, e não apenas por trazer Regina Casé no elenco (aqui, como filha da “casa grande”): guardadas as diferenças de contexto, Tudo Bem traz reflexões sociais em alguns pontos semelhantes às do filme de Anna Muylaert. Veja que vale a pena. Drama, Brasil, 1978, 111min. Canal Brasil, madrugada de sábado para domingo, 1h35min
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Anahy de las Misiones
De Sérgio Silva. Com Marcos Palmeira, Dira Paes, Matheus Nachtergaele e Paulo José. O horário é proibitivo. Mas bote para gravar, durma tarde ou acorde cedo: trata-se de uma rara oportunidade para ver um dos filmes emblemáticos do cinema gaúcho. Em ótima atuação, Araci Esteves interpreta uma legítima mãe coragem brechtiana andando pelo pampa e fazendo o que pode para proteger os filhos em meio à Guerra dos Farrapos (1835 – 1845). Os figurinos e o linguajar típico ajudam a levar o espectador ao ambiente da época, mas o forte do filme é a direção de atores – marca de Sérgio Silva (1945 – 2012), que depois ainda dirigiria, com menos sucesso, os longas Noite de São João (2003) e Quase um Tango (2009). Drama, Brasil, 1997, 110min. Arte 1, madrugada de sábado para domingo, 5h.
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Bonequinha de Luxo
(Breakfast at Tiffany’s) – De Blake Edwards. Com Audrey Hepburn, George Peppard e Patricia Neal. Você já imaginou Marilyn Monroe neste clássico sobre uma acompanhante de luxo que sonha casar com um homem rico e tornar-se atriz em Hollywood? Só não foi assim porque Marilyn desistiu de interpretar a prostituta acreditando ser prejudicial à sua imagem. Audrey Hepburn acabou transformando a personagem num dos tipos femininos mais icônicos do século 20. E o filme é bom, sobrevive bem demais à passagem do tempo – veja e tire a prova. Comédia dramática, EUA, 1961, 115min. Telecine Cult, domingo, 19h50min
O Sexto Sentido
(The Sixth Sense) – De M. Night Shyamalan. Com Bruce Willis, Haley Joel Osment e Toni Collette. Este suspense surpreendente fez a fama de seu diretor de origem indiana em Hollywood. Depois ele caiu em desgraça, assinando longas de fato ruins e outros subestimados por público e/ou crítica. De todo modo, O Sexto Sentido funciona. Se você não viu o filme e nunca deparou com seu afamado spoiler final, trate de aproveitar! Suspense, EUA, 1999, 107min. Telecine Action, domingo, 22h
Natimorto
De Paulo Machline. Com Simone Spoladore e Lourenço Mutarelli. Boa adaptação do livro de Mutarelli sobre o encontro da cantora lírica que chegou do interior e tem uma metrópole por descobrir com seu agente perturbado e decidido a não enfrentar a sua fobia social. Aos fãs do autor, a sessão é imperdível: Mutarelli, cada vez mais afirmado como ator (vide Que Horas Ela Volta?, em cartaz nos cinemas), encarna seu próprio alter ego em Natimorto. Drama, Brasil, 2011, 92min. Arte 1, domingo, 22h30min
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Borat
De Larry Charles. Com Sacha Baron Cohen. Há sequências diante das quais é impossível não sentir aversão pelo comediante-protagonista, e não apenas pela atitude de seu personagem – a da hospedagem na casa dos velhinhos judeus, por exemplo. Mas é inegável que Borat, assim como Bruno (2009), é eficiente em suas provocações e diverte o espectador – muito mais do que O Ditador (2012), no qual Baron Cohen mudou a fórmula e perdeu parte da graça. Comédia, EUA, 2006, 84min. Telecine Fun, domingo, 23h40min