O cinema do diretor Tsai Ming-liang está tão distante de Hollywood quanto o futebol da Seleção Brasileira em relação ao jogado pelo escrete alemão. Esteta da imagem, o malaio radicado em Taiwan é conhecido por longos planos-sequência, pelos quadros rigorosamente construídos e pelos silêncios que acompanham os personagens. Vencedor do Prêmio Especial do Júri no Festival de Veneza, o filme Cães Errantes (2013) radicaliza o estilo do realizador de belos títulos como Vive l?Amour (1994), O Rio (1997) e O Buraco (1998).
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No longa que entra em cartaz nesta terça-feira (15/7) na Sala P. F. Gastal, um homem – interpretado por Lee Kang-sheng, ator-fetiche de Ming-liang – ganha a vida precariamente segurando placas publicitárias em meio ao trânsito barulhento de Taipei. Abandonado pela mulher, o protagonista alcoólatra mora com o casal de filhos em um edifício abandonado. Durante o dia, os irmãos perambulam em um supermercado, onde conhecem uma funcionária. A gerente da loja torna-se uma espécie de figura materna, ao mesmo tempo em que as lembranças da mãe desaparecida assombram o trio de desafortunados.
A narrativa de Cães Errantes é rarefeita: como nos filmes do russo Andrei Tarkovski e do tailandês Apichatpong Weerasethakul, em Ming-liang a contemplação impõe-se à ação. A imagem é explorada como uma pintura, cuja plasticidade fascinante e enigmática transporta espectadores e personagens para um lugar muito além da tela iluminada.
Confira o trailer:
Cães errantes
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De Tsai
Ming-liang
Drama, Taiwan/França, 2013, 138min, 12 anos
Cotação: 4