Os fãs conhecem cada pequena parte da história de Renato Russo e da Legião Urbana que ele ajudou a criar. Por isso mesmo, Somos Tão Jovens não será uma surpresa. Provavelmente, para os fãs, será o caso de um alívio misturado com uma emocionante revisita ao passado. Comigo foi assim, na pré-estreia do filme na noite desta quarta-feira – a estreia será na próxima sexta-feira.
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Cresci ouvindo Renato Russo e as músicas viscerais da Legião – algumas delas, dos primeiros discos, com reminiscências do Aborto Elétrico. Comprei ou ganhei os CDs e bolachões originais – nada de novas versões remasterizadas. Procurava, nas lojas de discos de Blumenau, alguma camiseta nova da banda. Por isso mesmo, temi pelo resultado ao ver um dos cartazes – aquele em que Thiago Mendonça, que interpreta Renato Russo, aparece cantando cercado de jovens que parecem fazer parte de uma propaganda de refrigerante.
Mas para a minha surpresa, o filme dirigido por Antonio Carlos da Fontoura, paulistano de 74 anos com uma longa filmografia recheada de documentários, curtas e longas, não se parece (tanto) com Malhação como aquele cartaz poderia sugerir. De fato, e como comentou o próprio Mendonça no Cine Odeon, antes da pré- estreia no Rio de Janeiro, Somos Tão Jovens é “um filme de turma”. Em outras palavras, mostra a gênesis do Rock Brasilis, aborda parte da vida dos jovens na capital federal entre 1976 e 1982, e trata de amizade.
Tudo com muita suavidade, sem entrar no quadro completo da vida de Renato Russo. O ídolo sensível e atormentado de várias gerações foi muito mais hardcore do que o filme mostra. O roteiro de Marcos Bernstein também se dá o direito de várias “liberdades poéticas”. Mesmo não se tratando de uma novela, o filme seguiu o padrão brasileiro e evitou o beijo gay. Mas não é isso que fica no final.
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O que permanece, como bem disse o diretor, é a ideia de que conseguiram fazer uma bela homenagem ao início do Rock Brasilis. Mendonça carrega o filme, e apresenta uma interpretação emocionante e de entrega que comove. Fontoura acerta no ritmo e na condução do longa, que valoriza as interpretações e belas cenas. E o mais importante de tudo: a música funciona muito bem.
Os atores mergulharam nos personagens, aprenderam a tocar e conseguiram fazer covers bastante honestos. Tudo para que o verdadeiro protagonista deste filme, o trabalho de Renato Russo, pudesse brilhar naquelas letras que todos sabem cantar. Como eu disse no princípio, Somos Tão Jovens é um alívio por saber que não estragaram – apesar das licenças poéticas – uma bela história, que nunca será contada com todos os detalhes, ao mesmo tempo em que os minutos passados no cinema rendem algumas risadas, emoção e uma viagem gratificante por um período que não volta mais. Apesar da obra de RR ser eterna.