O filme Mbya’ Nhendu, do cineasta indígena Gerson Gomes Leopoldino, foi premiado no 50º Festival Brasileiro do Cinema de Gramado, que se encerra neste fim de semana na serra gaúcha. Na disputa dos curtas-metragens, a produção foi a vencedora na categoria melhor trilha sonora. Mbya’ Nhendu fala sobre a música na vivência do Guarani, com destaque para a cosmologia que marca este povo ao longo da vida.
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O curta ficou em terceiro lugar no Prêmio Assembleia Legislativa – Mostra Gaúcha de Curtas, uma das atrações do festival. Além disso, a obra do morador de Palhoça conquistou um prêmio de “melhor trilha sonora”.
— É muito importante para nós esse apropriar-se do meio audiovisual para registro da nossa história. A gente sente que a sabedoria repassada nas rodas de conversas, a partir dos nossos anciãos, se perde por causa da falta de registro — explica Gerson Leopoldino, 30 anos, que há três anos mora na aldeia Yaka Porã, na Enseada de Brito, em Palhoça, onde trabalha como produtor cultural.
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O diretor tem sua empresa registrada em Palhoça. A obra foi toda traduzida do idioma Guarani para o português pela professora Elisete Nunes, esposa de Gerson e também cacique na aldeia Yaka Porã. Elisete também é coordenadora geral da comissão Nhemongueta, que reúne caciques Guarani de toda Santa Catarina. O filme está disponível neste link.
“Uma alegria levar a temática Guarani nestes 50 anos do festival”

A pandemia do coronavírus impactou o trabalho de filmagem que exigiu desafios tendo em vista o risco da doença entre os povos indígenas. Para fazer o filme, explica o cineasta, ele e sua equipe visitaram três aldeias indígenas situadas no Rio Grande do Sul para colher depoimentos.
Em comum, encontraram o respeito pelas reflexões sobre religiosidade, política e meio ambiente que estão presentes na música dos Mbyá. Produzido no ano passado, o curta foi viabilizado pelo Fundo de Apoio à Cultura do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. O projeto contou com a colaboração do coletivo Comunicação Kuery e a coprodução da Blue Bucket Films e Tela Indígena.
— Estamos muito felizes com a conquista, que entendo ser do nosso povo Guarani. Neste ano se comemoram os 50 anos do Festival de Gramado e ter feito parte desse momento nos alegra por saber que levamos a temática Guarani para este espaço — afirma.
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Gerson conta que para continuar no campo do audiovisual é preciso de lei de incentivo aos projetos de cultura, como a Lei Aldir Blanc, entre outros.
– A gente ainda está impactado por essa conquista, mas tem já algumas ideias sobre como fazer outros filmes que tratem da vida indígena e das conexões com a natureza – explica.
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