O diretor de cinema é de Lages e o autor do livro, de Londrina, no Paraná. Ambos viveram o mesmo contexto – 1970, meninos inspirados no tricampeonato brasileiro, imaginando um dia também brilhar com a bola nos pés. Nas duas cidades, e em qualquer canto do País, a realidade era a mesma, e não muito diferente de hoje: o sucesso no futebol continua sendo o sonho de grande parte da meninada. Enfim, as experiências do diretor Luca Amberg e do escritor Márcio Américo se encontram no filme Meninos de Kichute, em cartaz nos cinemas de 12 cidades.
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Há tempos, o cineasta catarinense pretendia filmar uma história baseada na infância em Lages e foi conhecendo a obra de Américo que a vontade deu lugar ao projeto. O escritor virou co-roteirista, e a Lages e a Londrina de 1970 cenário comum a qualquer cidade do Brasil.
– Acho que este filme é uma autobiografia generalizada. O Márcio Américo escreveu um livro que lembra aqueles clássicos da literatura, que o tema retrata uma geração e seus costumes que marcaram uma época. O título me atraiu de imediato, e quando li o livro, a cada capítulo me identificava cada vez mais com a minha infância em Lages, porque os sonhos dos meninos de Londrina, eram os mesmos: queríamos ser jogador de futebol – conta Luca, que também levou para a telona as adaptações de Heróis da Liberdade, do joinvilense Ernani Buchmann, e Um Sonho No Caroço do Abacate, de Moacyr Scliar.
Beto, interpretado por Lucas Alexandre, é o filho do meio de uma família humilde e vive com os pais, Lázaro e Maria (Werner Schünemann e Vivianne Pasmanter), e dois irmãos. O personagem principal quer ser goleiro, porém tem como obstáculo o autoritarismo e machismo do pai. O Kichute, marca de tênis que ficou muito famosa na época por ser parecido com uma chuteira, acabou virando símbolo da meninada que corria solta nos campinhos de chão batido.
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Símbolo de uma geração
Rodado em 2010, Meninos de Kichute ficou na gaveta mesmo após ganhar o prêmio de melhor filme brasileiro pelo júri popular da 34ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Vivianne Pasmanter também faturou o prêmio de melhor atriz no Los Angeles Brazilian Film Festival 2013.
– Quando o filme ficou pronto, eu estava entusiasmado para lançar, preparei uma equipe de lançamento, desenvolvi o site, fui atrás de recursos, mas não aconteceu. Algumas pessoas me consolaram: “Meninos é o filme da Copa”, eu teimava que não, tinha que ir para os cinemas. Hoje vejo que eles estavam certos porque percebo que a Copa no Brasil favorece o lançamento – afirma o diretor.
O elenco também conta com Arlete Salles, Paulo César Pereio, Mario Bortolotto, Mayara Comunale e Vinícius Azar Damas, embalados pela trilha sonora fiel à época, com Os Incríveis, Lindomar Castilho, Secos e Molhados a Jorge Ben Jor.
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Assista ao trailer do longa: