Em exibição desde esta sexta-feira em uma sessão diária (às 16h) no Espaço Itaú 8, o filme brasileiro Disparos também entrará em cartaz na programação do CineBancários a partir da próxima terça-feira, com exibições às 15h, às 17h e às 19h.

Continua depois da publicidade

Trata-se do primeiro longa da diretora carioca Juliana Reis e um dos novos exemplares da crescente produção nacional de ação, calcado, como a mais significativa parcela dessa produção, nas tensões geradas pela violência urbana.

Inspirada em fatos reais ocorridos no Rio de Janeiro, a trama se passa em uma única noite, quando um fotógrafo (Gustavo Machado) é assaltado na saída de uma casa noturna gay. Ele está lá a trabalho, com seu assistente (João Pedro Zappa), produzindo um ensaio sobre os dançarinos do lugar. No início, há suspense sobre o que teria ocorrido: as primeiras imagens, que registram o protagonista tentando recuperar um cartão de memória junto ao corpo de um homem atropelado, sugerem que ele tem algo a esconder, ou seja, pode carregar algum tipo de culpa na sucessão dos acontecimentos.

O que se passou, na verdade, é um assalto seguido de um acidente de trânsito que vai envolver diversos personagens numa história rocambolesca sobre, além de culpa, a sensação de medo e insegurança presente nas grandes cidades. Detido por omissão de socorro no tal acidente, o fotógrafo passa boa parte da trama na delegacia, submetido aos caprichos de um marrento investigador (Caco Ciocler) e de seu parceiro (Thelmo Fernandes). A ordem dos fatos, suas causas e consequências, são reveladas aos poucos, em flashbacks que trazem novos personagens secundários e informações a mais para compor o quebra-cabeças que é Disparos.

Dividida em capítulos com títulos relacionados à prática fotográfica, como Exposição, Revelação e também Disparo, a construção narrativa é um tanto esquemática, assim como a fotografia e a montagem, com seus filtros, no caso da primeira, e recursos como a divisão da tela em duas, no da segunda.

Continua depois da publicidade

Mas o que de fato emperra Disparos é a falta de profundidade ou mesmo de sentido em certos conflitos dramáticos. Enquanto outro roubo paralelo, aquele que vitima o dono da boate (Gilberto Gavronski), tem uma encenação não muito convincente, é difícil entender o que sucede na casa do personagem principal enquanto seu assistente e sua namorada (Cristina Amadeo) esperam que ele volte da delegacia. Dedina Bernardelli, em compensação, como uma última envolvida no acidente, apresentada já na metade final do filme, segura as pontas de seu núcleo dramático com competência – até porque é sobre ela que vai recair a maior culpa, e é esse núcleo dramático, em consequência disso, que tem mais a dizer tendo em vista a proposta da jovem diretora.

Como comentário geral sobre o atual estado de coisas, Disparos funciona. Tem a sua pertinência. Como cinema, tem as suas limitações.