O felino pula, ataca uma bola velha de vôlei e sobe no estreito muro para coçar as costas na grade. Até parece um gato, mas o tamanho das patas denuncia. Peralta, como qualquer filhote, quer brincar e os grandes olhos azuis convencem qualquer um a fazer uma aproximação. Parece inofensivo, porém, quando o subtenente Marcelo Duarte, da Polícia Militar Ambiental, abre a porta de madeira para dar água ao pequeno entendemos o porquê do cuidado e da cerca. O animalzinho, de tão feliz, mostra as garras e segura nas pernas do policial, mordendo o joelho com os pequenos dentes afiados. Duarte o segura pela cabeça, mas ele não desiste e volta, pedindo atenção.
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O nome é Puma. Nada criativo, já que se trata de uma fêmea de Puma, felino comum na América, mas em extinção no país. Foi encontrada há cerca de um mês em Curitibanos, no Oeste do Estado, entregue por uma família à polícia, e trazida a Florianópolis na última semana. Duarte acredita que alguma coisa aconteceu com a mãe e que o filhote foi encontrado por alguém que cuidou dele e o domesticou. Apesar das brincadeiras quase que sem limites, o filhote é considerado dócil, por esse motivo não pode ser devolvido ao habitat natural.
– Às vezes alguém acha e pensa que é um gato do mato, outro animal. Vê que vai crescendo e começa a se assustar, já que ela têm de três a quatro meses e já está desse tamanho. As pessoas imaginam como vai ficar e entregam pra polícia ou abandonam – explica.
As fêmeas de Puma podem chegar a 50 quilos com 1 ano e meio. Não apresentam risco para o ser humano, mas as brincadeiras podem assustar e ninguém está livre de ganhar uma arranhada acidental. Por causa da caça e da expansão urbana, a Puma está em extinção no Brasil. Duarte conta que raramente os filhotes vivem sem as mães e apenas três foram abrigados na sede da Polícia Ambiental, no Rio Vermelho. Mas considera importante ter um animal saudável como esse.
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– É importante para o banco genético. A Puma será doada a um criador conservacionista. Assim, quando for necessário reintroduzir a espécie, ela poderá ser usada para reprodução com outro Puma – comenta.
Duarte orienta para que qualquer pessoa que encontre um animal desconhecido entre em contato com a Polícia Ambiental de sua cidade ou com o Ibama.