Pelas mãos de Adelina Hess de Souza, um lote encalhado de tecidos se transformou na gênese da maior camisaria da América Latina. Ao lado do marido, Duda – Rodolfo de Souza, no batismo -, ela trabalhou para erguer a Dudalina e transformá-la em uma importante indústria do setor. O sucesso dessa história de empreendedorismo levou o Warburg Pincus e o Advent International – dois fundos americanos – a desembolsar no começo do mês R$ 650 milhões por 72,2% do capital da empresa.
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Mas o legado de Adelina e Duda vai além da Dudalina: o casal gerou 16 filhos e, com eles, transmitiu o gene empreendedor. Desde a infância, os onze meninos e as cinco meninas (todos batizados com nomes compostos) se revezavam para ajudar os pais a tomar conta dos negócios. Além da fábrica de camisas, os Hess de Souza administravam um pequeno comércio de secos e molhados, em Luis Alves, e, mais tarde, duas lojas em Balneário Camboriú.
Com a venda da participação da Dudalina para os fundos americanos, os irmãos terão mais tempo para dedicar aos próprios negócios – e recursos para investir. A longa negociação, que se estendeu por dois anos, levou em conta o valor necessário para bancar os sonhos dos herdeiros.
– Foi um bom negócio para todo mundo, ninguém ficou chateado. Foi uma negociação dura porque nós projetamos uma cifra, e até eles reconhecerem esse valor demorou um pouco – diz Armando César, sétimo filho do casal.
Trajetória empreendedora da família está marcada pelo setor têxtil e moda
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Desde 2006 ele está à frente da indústria de tecidos RenauxView, em Brusque. Mas durante 12 anos ocupou o cargo de presidente da Dudalina. Ele assumiu a vaga no lugar do primogênito Anselmo José, 65 anos, e convenceu o conselho de administração a aceitar Sônia Regina, 57, na presidência em 2003. Hoje, além dela, apenas Rui Leopoldo, 53, trabalha na companhia – mas a empresa chegou a ter sete dos 16 irmãos na operação.
Herdeiros também se envolveram com política e ocuparam cargos públicos
Na lista de negócios criados pelos herdeiros está a marca de roupa casual Beagle, fundada pelo caçula Marco Aurélio, 44, a boutique Tida, de Florianópolis, além de diversos investimentos no setor hoteleiro e imobiliário. A família também já se envolveu com política e ocupou cargos na prefeitura de Blumenau e no governo de Santa Catarina. Agora surge um novo capítulo: o dinheiro da venda irá inaugurar um ciclo de criação de novos negócios que irão se perpetuar o nome do grupo no empreendedorismo catarinense.