Ao contrário do pai, que decidiu colaborar com as investigações da Operação Lava-Jato em troca de redução na pena, o filho do lobista Mário Góes, Lucélio, não fará delação premiada. Ele é sócio do pai na Rio Marine Óleo e Gás e na Mago Consultoria, empresas de intermediação de negócios na área de exploração de petróleo. A Polícia Federal diz que, na verdade, essas firmas servem de fachada para transferência de propina de empreiteiras para dirigentes da Petrobras.

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Lucélio Góes também trabalha com outras quatro empresas, inclusive uma de informática. O advogado dele, o gaúcho Lúcio de Constantino, diz que não condena o instituto da delação premiada, mas garante que seu cliente vai sustentar até o fim do processo que é inocente.

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– Ele não participou de negócios ilícitos e deve ser absolvido – pondera Constantino.

Lucélio foi preso em fevereiro e solto em seguida, mediante habeas corpus. Já o pai de Lucélio, Mário Góes, está preso numa cela da Polícia Federal em Curitiba e costurou um acordo de delação, em dois depoimentos aos investigadores da Lava-Jato.

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Mário Góes é apontado pelo MPF como um dos 11 lobistas que repassavam dinheiro para a Diretoria de Serviços da Petrobras, controlada por Renato Duque e gerenciada por Pedro Barusco.

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Colaborador da Lava-Jato, Barusco é um dos que envolve Góes no esquema. Ele indicou à Polícia Federal (PF) a conta onde recebeu R$ 70 mil como propina, em 2007 – dinheiro que teria sido repassado pelo lobista.

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Uma estimativa da PF aponta que, entre 2003 e 2014, R$ 220 milhões pertencente a empreiteiras tenham passado pelas contas das empresas de Góes. Isso teria sido viabilizado mediante falsos contratos de prestação de serviços. O objetivo das transferências, conforme os investigadores da Lava-Jato, era disfarçar o dinheiro usado para subornar dirigentes da Petrobras e políticos. Só a Odebrecht e a Andrade Gutierrez teriam pago a Góes R$ 6,4 milhões.

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Parte do dinheiro foi enviado por Góes a Pedro Barusco em sacolas de dinheiro. Os valores, colocados em mochilas, chegavam a R$ 500 mil por vez, para serem repartidos entre o próprio Barusco e seu chefe, Renato Duque. Suborno também era enviado à Suíça, para conta pertencente aos dirigentes da Petrobras. Parte da verba iria ainda para políticos.

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Góes admitiu que alguns dos contratos não envolviam serviços verdadeiros, eram apenas para disfarçar suborno. O acordo para colaboração implica nele revelar para que contas bancárias foi enviado dinheiro de propina. A próxima audiência judicial de Mário Góes está marcada para segunda-feira, em Curitiba.