O estudante Bernardo Becker, 12 anos, disse ao pai que se a onda de protestos pelo País chegasse a Florianópolis gostaria de sair às ruas e participar da mobilização. Aproveitou e o convidou para ir junto.

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Surpreendido com o interesse, Orlando Becker, 50 anos, aceitou o convite do filho, na terça-feira, e ainda reviveu outro sentimento de luta marcante em sua vida, há 34 anos: a novembrada.

São épocas e gerações diferentes. Em 1979, aos 17 anos, Orlando e os amigos eram convocados por panfletos ou telefone aos que dispunham do aparelho. A reivindicação era contra a ditadura, o regime militar.

Hoje, Orlando vê o filho acompanhar a mobilização pelas redes sociais na internet e se diz impressionado com a capacidade de mobilização, a aceitação das pessoas e o caráter apartidário do movimento.

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– Eu acredito que o grito de Florianópolis em 1979 acelerou o fim da ditadura. Agora, ainda há uma interrogação na cabeça de todos nós sobre o que vai acontecer. Mas a prática é importante, achava uma geração muito apática, que ficava muito na internet – diz Orlando, que é empresário do ramo imobiliário.

O filho enumera as insatisfações atuais com convicção e diz que a criminalidade é o fator que diminui a ida da juventude às ruas com mais intensidade.

– A tarifa é cara, os ônibus estão sempre estão lotados. Gastaram dinheirão para a Copa quando deveriam ao menos reservar parte para os hospitais. Hoje se a gente não sai mais às ruas como antes é por causa da violência e não porque ficamos no computador – ressalta ao lado do olhar orgulhoso do pai.

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Orlando concorda com as queixas de Bernardo. A empolgação é tanta que convidou os amigos grisalhos de sua geração para também saírem às ruas nesta quinta-feira. Ao lado do filho e dos milhares, pretendem repetir o ato de forma pacífica e acreditando em mudanças.