Uma mulher foi presa no Rio de Janeiro sob suspeita de roubar da própria mãe mais de R$ 720 milhões em obras de arte. Entre os quadros estão obras de Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti. Também foram roubadas joias e feitas transferências bancárias. A idosa tem 82 anos e foi mantida em cárcere privado por cerca de um ano.

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Quatro pessoas foram presas por agentes do Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade (DEAPTI), e um homem e uma mulher estão foragidos. A polícia foi a 14 endereços e divulgou ter recuperado 11 obras de arte.

Ao todo, foram roubados e vendidos 16 quadros para galerias de arte. Uma das galerias, que fica em São Paulo, comprou três obras com valor estimado em R$ 300 milhões.

Ainda segundo a polícia, pelo menos duas dessas obras foram revendidas para o Malba (Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires). Em nota enviada por sua assessoria de imprensa, o fundador do museu, Eduardo Costantini, afirma no entanto que as aquisições foram feitas para sua coleção privada, e não para o acervo do museu.

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O dono da galeria de arte paulista disse à polícia que não desconfiou de que as obras eram roubadas da idosa. Ele afirmou conhecer a família e ter recebido os quadros da própria filha da proprietária.

A idosa foi casada com um colecionador e negociador de arte e herdou os quadros após a morte do marido.

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O perito Nilton Taumaturgo, Instituto de Criminalística Carlos Éboli, fez uma avaliação preliminar das obras e atestou o valor dos quadros encontrados. “Posteriormente, será feita uma avaliação mais complexa laboratorial. É incontestável que as obras são verdadeiras. Apenas uma obra está com a moldura danificada”, afirmou o perito.

Segundo a polícia, as obras serão encontradas serão devolvidas à proprietária.

Cartomante

De acordo com a Polícia Civil do Rio de Janeiro, a idosa foi abordada por uma mulher que se passou por cartomante, que disse que a filha estava doente e morreria em breve. A quadrilha de falsos videntes agia havia cerca de 20 anos e convenceu a idosa de que as obras estavam amaldiçoadas. ​

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“Por ter um lado místico e uma filha que enfrenta problemas psicológicos desde a adolescência, a idosa foi convencida, inclusive pela filha, a realizar os pagamentos solicitados para o tratamento espiritual proposto”, divulgou a polícia.

Entre janeiro e fevereiro de 2020, foram realizadas pelo menos oito transferências no valor de R$ 5 milhões. O valor total das joias roubadas é estimado em R$ 6 milhões.

Após o início do tratamento, a idosa foi isolada do convívio com outras pessoas e os funcionários que trabalhavam para a família foram dispensados. A mulher desconfiou e deixou de fazer os pagamentos pelo tratamento da filha.

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“Foi então que a vítima desconfiou e suspendeu o pagamento de valores. A partir daí, passou a ser agredida e ameaçada. As únicas visitas à residência eram feitas por comparsas, que passaram também a ameaçar a idosa, que voltou a realizar as transferências”, afirmou a polícia, em nota

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De acordo com Gilberto Ribeiro, delegado responsável pela investigação, o cárcere privado se encerrou em abril de 2021. A vítima demorou um ano até fazer a denúncia. “O idoso é vulnerável, e quando ele tem valores altos em conta ele se torna um alvo”, diz.

Os suspeitos serão indiciados por suspeita de associação, cárcere privado, estelionato e roubo e extorsão, contou o delegado.

Veja a lista de obras encontradas:

  • “O Sono”, de Tarsila do Amaral, avaliada em R$ 300 mil
  • “Sol Poente”, de Tarsila do Amaral, avaliada em R$ 250 mil
  • “Pont Neuf”, de Tarsila do Amaral, avaliada em R$ 150 mil
  • “Ela”, aquarela de Cícero Dias, avaliada em R$ 1 milhão
  • Aquarela sem título, de Cícero Dias, avaliada em R$ 1 milhão
  • Desenho representando uma paisagem, de 1935, de Alberto Guignard, avaliada em R$ 150 mil
  • “Rue des Rosiers”, de Emeric Marcier, avaliada em R$ 150 mil
  • “Eglise Saint Paul”, de Emeric Marcier, avaliada em R$ 150 mil
  • “Porto de Pesca em Hong Kong”, de Kao Chien-Fu, avaliada em R$ 1 milhão
  • “Coruja ao Luar”, de Kao Chi-Feng, avaliada em R$ 1 milhão
  • “Retrato”, de Michael Macreau, avaliada em R$ 150 mil
  • “Mulher na Igreja”, de Ilya Glazunov, avaliada em R$ 500 mil
  • “Mascaradas”, de Di Cavalcanti, avaliada em R$ 1,5 milhão
  • “O Menino”, de Alberto Guignard, avaliada em R$ 2 milhões
  • “O Maquete Para Meu Espelho”, de Antônio Dias, avaliada em R$ 1,5 milhão
  • “Elevador Social”, de Rubens Gerchman, avaliada em R$ 1,5 milhão

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