As sensações de choque e de alívio se confundiram no momento em que o diretor de ensino superior do Bom Jesus/Ielusc de Joinville, Paulo Aires, soube que a filha Juliana, de 18 anos, também esteve na boate incendiada na madrugada do último domingo, em Santa Maria (RS).

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A notícia da tragédia foi dada pela própria filha, numa ligação às 6 horas. Paulo passava o fim de semana na Praia de Canto Grande, em Bombinhas, e ainda não fazia ideia do que havia acontecido na cidade onde Juliana mora e estuda.

– Ela me ligou no celular e disse: ‘Pai, estou ligando para que você saiba que estou bem antes de tomar conhecimento pela imprensa ‘-, conta o diretor.

Juliana cursa Relações Internacionais na Universidade Federal de Santa Maria e decidiu sair mais cedo da festa, cerca de meia-hora antes do incêndio, porque pretendia estudar no domingo – o calendário acadêmico do ano passado foi prolongado para preencher um período sem aulas por causa de greve.

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Assim que a universitária chegou em casa e pegou no sono, o celular dela não parou de tocar com ligações e mensagens de pessoas preocupadas. A jovem, que é de Porto Alegre, mudou para Santa Maria há cerca de um ano e passou a morar a apenas três quadras da boate Kiss.

– A sensação é de consternação, por tudo o que aconteceu, e também de alívio por ela estar bem. É quase como se não tívessemos embarcado em um avião onde 230 pessoas morreram -, desabafa o pai.

Na manhã desta segunda-feira, Paulo e Juliana voltaram a se falar por telefone. A moça avisou que está em viagem para a cidade litorânea de Xangrilá (RS), onde ficará nos próximos dias, porque o clima em Santa Maria está difícil de suportar.

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De volta a Joinville, o diretor de ensino do Ielusc ainda tem dedicado parte do tempo para responder mensagens, ligaçóes e e-mails de pessoas preocupadas com a situação da filha dele.

– Muitos enviaram mensagens porque não tiveram coragem de ligar -, comenta.

Em gráfico, entenda a sequência de eventos que originou o fogo

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A tragédia

O incêndio na boate Kiss, no centro de Santa Maria, começou entre 2h e 3h da madrugada de domingo, quando a banda Gurizada Fandangueira, uma das atrações da noite, teria usado efeitos pirotécnicos durante a apresentação. O fogo teria iniciado na espuma do isolamento acústico, no teto da casa noturna.

Sem conseguir sair do estabelecimento, mais de 200 jovens morreram e outros 100 ficaram feridos. Sobreviventes dizem que seguranças pediram comanda para liberar a saída, e portas teriam sido bloqueadas por alguns minutos por funcionários.

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A tragédia, que teve repercussão internacional, é considera a maior da história do Rio Grande do Sul e o maior número de mortos nos últimos 50 anos no Brasil.

Veja onde aconteceu

Imagem: Arte ZH

A boate

Localizada na Rua Andradas, no centro da cidade da Região Central, a boate Kiss costumava sediar festas e shows para o público universitário da região. A casa noturna é distribuída em três ambientes – além da área principal, onde ficava o palco, tinha uma pista de dança e uma área vip. De acordo com o comando da Brigada Militar, a danceteria estava com o plano de prevenção de incêndios vencido desde agosto de 2012.

Clique na imagem abaixo para ver a boate antes e depois do incêndio

A festa

Chamada de “Agromerados”, a festa voltada para estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) começou às 23h de sábado. O evento era de acadêmicos dos cursos de Agronomia, Medicina Veterinária, Tecnologia de Alimentos, Zootecnia, Tecnologia em Agronegócio e Pedagogia. Segundo informações do site da casa noturna, os ingressos custavam R$ 15 e as atrações eram as bandas “Gurizadas Fandangueira”, “Pimenta e seus Comparsas”, além dos DJs Bolinha, Sandro Cidade e Juliano Paim.

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