Quem teve a ideia de convidar o ator Carlos Villagrán – o Kiko do seriado mexicano Chaves – para ser embaixador de Porto Alegre na Copa?

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Descobrir a origem da homenagem não foi tarefa fácil. Os envolvidos no polêmico convite têm explicações diferentes. Segundo o consultor da Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa) Cláudio Dienstmann, a sugestão surgiu em uma conversa entre ele e um dos produtores dos shows de Kiko na Capital, Maurício Trilha. O produtor, também integrante do fã-clube Chespirito-Brasil acrescenta que a filha do consultor da Secopa, a jornalista Márcia Costa Dienstmann, participou da gestação da iniciativa:

– Quando começamos a conversar, a filha do Cláudio tinha uma ideia de homenagear o Kiko em Porto Alegre. Fomos conversando e apareceu essa ideia de embaixador da Copa. Eu achei fenomenal e fui ver o que ele (Villagrán) achava e ele topou.

Márcia, 35 anos, confirma que pensava em uma forma de homenagear o ídolo mexicano.

– Foi num churrasco, conversando aqui em casa com meu pai, que falei de vincular a imagem do Carlos com a imagem de Porto Alegre. Mesmo que ele não tenha um vínculo, ele sempre declarou amar o Brasil. Talvez meu pai tenha comentado alguma coisa dos embaixadores da Copa e eu tenha falado alguma coisa de nomeá-lo embaixador. Daí, a produção gostou da ideia também.

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Dienstmann admite que a ideia inicial de uma homenagem ao ator pode ter sido dele, mas não se tratava de torná-lo embaixador.

– O Villagrán é uma pessoa ligada ao futebol, tem um filho chamado Edson que nasceu em 1970 – justifica.

Apesar de ter surpreendido o secretário da Copa em Porto Alegre, João Bosco Vaz, o convite teria a aprovação do prefeito José Fortunati, segundo Dienstmann. O gabinete do prefeito ainda não se manifestou oficialmente sobre o assunto. Villagrán deve chegar a Porto Alegre na quinta-feira, e fará dois shows no sábado.

Confira as versões dos autores da ideia

O que diz Maurício Trilha, integrante do fã-clube Chespirito-Brasil e um dos responsáveis pela produção dos dois shows de Carlos Villagrán na Capital:

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Zero Hora – A ideia de convidar o Carlos Villagrán para ser embaixador de Porto alegre para a Copa do Mundo partiu da produção do show?

Maurício Trilha – Foi uma ideia do Comitê Organizador da Copa do Mundo de Porto Alegre.

ZH – Em conversa com o Cláudio Dienstmann, ele disse que a ideia partiu do senhor.

Trilha – É, quando começamos a conversar, a filha do Cláudio tinha uma ideia de homenagear o Kiko em Porto Alegre. Fomos conversando e apareceu essa ideia de embaixador da Copa. Eu achei fenomenal e fui ver o que ele (Villagrán) achava e ele topou. A ideia, propriamente dita, foi construída pela filha do Cláudio, por mim, pelo Cláudio e depois repassada e o pessoal topou. A organização foi em conjunto da produção do evento e do comitê da Copa.

ZH – Quando começou essa negociação?

Trilha – Há umas três semanas. Me impressionou muito o João Bosco Vaz dizendo que desconhecia o evento, me parece que ele desconhece a própria secretaria em que trabalha.

ZH – O que o Villagrán achou da ideia?

Trilha – Achou muito bacana, ele topou. As pessoas não têm ideia de quanto ele gosta de futebol. Aqui em Porto Alegre ele conhece de nome o Dunga, o Dida. Talvez ele ainda não tenha o conhecimento da repercussão que isso vai causar, mas ele está sabendo e achou a ideia ótima.

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ZH – Você é de qual produtora?

Trilha – Eu sou do fã clube Chespirito-Brasil e sou o produtor responsável pelo show em Porto Alegre.

O que diz Cláudio Dienstmann, consultor da Secretaria da Copa:

Zero Hora- A ideia de convidar o Carlos Villagrán para ser embaixador de Porto Alegre na Copa 2014 foi do senhor?

Claudio Dienstmann – Sim. Não, não é bem assim. Tem uma agência que está fazendo os shows dele no Opinião. Houve uma manifestação de que haveria interesse de alguma coisa e eu encaminhei para a prefeitura e a prefeitura topou.

Zero Hora – Sua filha participou da ideia de homenagear o Villagrán?

Dienstmann – Não. Eu posso ter comentado com ela, mas ela não participou.

ZH – E qual setor define se aceita a sugestão?

Dienstmann – Quem encaminha ao prefeito é o cerimonial.

ZH – O prefeito concorda com o convite, então?

Dienstmann – Óbvio.

ZH – A repercussão foi enorme nas redes sociais, com muitas pessoas criticando e questionando o porquê de alguém que não tem uma ligação muito forte com a cidade ser convidado. Como o senhor recebe esse tipo de crítica?

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Dienstmann – Chegaste a ver na TV? Eu vi no final de semana e ele estava em vários programas em São Paulo. Ele é uma pessoa extremamente conhecida em toda a América Latina. O que ele pode fazer? Uma divulgação da cidade como sede.

ZH – O senhor sabe se ele realmente conhece Porto Alegre, além das poucas vezes que veio aqui?

Dienstmann – Não sei. Eu não sei nem se ele já esteve em Porto Alegre alguma vez.

ZH – Já esteve.

Dienstmann – Então, tá.

ZH – O convite a pessoas de fora da cidade deve ser mais comum a partir de agora?Dienstmann – Não sei.

ZH – O convite deve ser confirmado e entregue na quinta-feira, então?

Dienstmann – Acho que sim. Eu estou recebendo um telefonema lá da prefeitura agora, vamos ver.

ZH – O senhor se arrepende desse convite?

Dienstmann – Eu não fiz o convite. Eu fiz intermediação.

ZH – Por que o secretário da Copa não foi informado?

Dienstmann – Teria de ter passado, foi uma falha minha.