Quando os participantes do Festival de Música de Santa Catarina (Femusc) se despedem de Jaraguá do Sul, o Centro Cultural da Scar não conserva o silêncio por muito tempo. A Orquestra Filarmônica da Scar dá continuidade ao trabalho erudito na cidade e envolve durante todo o ano músicos da região e jovens que dão os primeiros passos na área.
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Prova de que a atividade que recomeçou na década de 1980 caminha progressivamente é a presença na abertura na 8ª edição do Femusc. Neste ano, o grupo de instrumentistas da casa foi protagonista da recepção a cerca de 800 pessoas, entre alunos e professores do festival, com a regência do argentino Norberto García e acompanhamento do duo de harpas formado por Rita Costanzi e Gustavo Beaklini. Pelo menos nos dois últimos anos, as atrações de abertura foram nomes de destaque no cenário, como a chinesa Sophia Chan e os professores Daniel Guedes e Mario Ulloa.
– Foi uma honra dar mais uma vez boas-vindas para este evento, já que a orquestra teve papel decisivo para implantação do Femusc – afirma Magnus Behling, administrador à frente do grupo desde 1988.
Para explicar por que a orquestra foi fundamental para o surgimento do Femusc, é preciso voltar algumas décadas no tempo. Em 1956, o grupo com perfil de músicos amadores motivou a criação da Sociedade Cultura Artística (Scar).
O grupo esteve ativo até os anos de 1970 e foi retomado em 1987, ano em que uma sede foi construída para abrigar as ações da sociedade jaraguaense. No início, o grupo era formado apenas por instrumentos de corda. Ele foi encorpando até chegar a uma formação sinfônica, com a inclusão de outros instrumentos de madeira, metal e percussão.
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Os ensaios como Orquestra Filarmônica da Scar começaram oficialmente em 2000, com a direção do primeiro maestro Daniel Bortholossi, do Paraná, que comandou o grupo até o ano passado. Hoje, a Scar é a sede principal do evento e também mantém outras formações, como orquestra de cordas, grupo de câmara e camerata.
O atual quadro de funcionários da orquestra conta com 50 instrumentistas, vindos de cidades catarinenses e até de Curitiba. Além de movimentar o calendário do teatro, uma parcela desses músicos, contratados terceirizados pelo centro cultural, dão aula para crianças e adolescentes de Jaraguá, como é o caso do flautista profissional Jorge Pires, de Joinville, e outros sete músicos da região. Os cursos chegaram a formar músicos que hoje fazem parte da filarmônica.
– Além de produzir música, também nos preocupamos com a profissionalização. Realmente, o objetivo das aulas é a possibilidade desses jovens um dia integrarem a orquestra – reitera Magnus.
O perfil jovem da filarmônica faz com que boa parte esteja preocupada com o crescimento. Metade dos instrumentistas do grupo está envolvido com a programação do Femusc.
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Kairo Orli Kanzler, 23 anos, faz sua segunda participação como aluno de violino do evento. Apesar de não ter iniciado musicalmente na Scar, a audição que permitiu sua entrada na filarmônica em 2009 foi decisiva na carreira de violinista.
– Hoje eu trabalho somente com música – orgulha-se Kairo, que até 2011 dividia a formação instrumental com o cargo de auxiliar administrativo. O jaraguaense ainda dá aulas no centro cultural e a cada 15 dias faz aula de aperfeiçoamento em Florianópolis.