Pelo menos 3 mil pessoas estão na fila para a realização da colonoscopia na rede estadual de saúde. Esse exame é indispensável na prevenção do câncer de colo e reto, uma das neoplasias mais comuns entre os brasileiros. Segundo o relatório bianual do Instituto Nacional do Câncer, devem ser identificados 33 mil novos casos em 2016 e 2017. Os sintomas desse tipo de câncer são tardios e por este procedimento é possível identificar pólipos na mucosa do intestino e evitar a malignidade.

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O que reforça a preocupação dos médicos e deveria ser um alerta aos gestores de saúde é que a pactuação de informação entre a rede estadual e os municípios ainda é inadequada, o que certamente amplia o número de pessoas que aguardam pelo exame.

No último dia da campanha Setembro Verde, como forma de reforçar a importância da colonoscopia, um grupo de médicos realiza voluntariamente 50 exames no Hospital Universitário (UFSC). Pode parecer pouco quando observamos a fila de espera, mas é uma ação muito importante para quem aguarda há anos na fila do SUS.

Quando se trata da prevenção do câncer colorretal, o assunto é complexo. Primeiro, há o preconceito e a falta de informação da população. Depois, a falta de financiamento adequado e a visão obtusa dos gestores que ignoram a importância e as vantagens do investimento em prevenção, optando pelos altos custos de cirurgias e tratamentos oncológicos e pelo consequente afastamento do mercado de trabalho de pessoas em idade ativa.

Durante setembro, a Sociedade Catarinense de Coloproctologia, a Sociedade Brasileira de Endoscopia em Santa Catarina, médicos e clínicas parceiras estiveram empenhados em divulgar sobre o câncer de intestino mesmo sabendo da rara disponibilidade do exame na rede pública.

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Precisamos ir além. Temos que manter a vigilância e a cobrança para que ações efetivas garantam acesso da população à saúde de qualidade. Cada um honrando a sua parte, avançaremos. Só não podemos deixar que seja a passos lentos. A saúde não pode esperar.

*Sílvio Feiber Filho é cirurgião do aparelho digestivo e endoscopista