O novo modelo de merendas nas escolas municipais de Joinville foi tema de debate na comissão de Educação da Câmara de Vereadores na tarde desta terça-feira (10). Tópicos como filas nos refeitórios, leitor de QR Code e repetição das refeições foram o foco das falas, que contou com participação de sindicato, pais e instituições ligadas à educação.

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De acordo com o presidente da comissão, o vereador Brandel Junior (Podemos), a atividade aconteceu para o secretário de Educação, Diego Calegari, explicar dúvidas da população e dos legisladores sobre o tema. Ele diz que recebeu diversas reclamações de pais e responsáveis envolvendo a alimentação escolar, principalmente nas regiões de periferia. 

— Ao meu ver, esse controle deveria ser por prato, não por QR Code. Seria uma facilidade [para evitar filas] para os alunos e aos colégios. Em unidades educacionais maiores, entendemos que o intervalo deveria ser estendido por mais cinco ou dez minutos, por exemplo — comenta. 

Limite de merenda para estudantes de escolas municipais gera polêmica em Joinville

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Carolina Ribeiro Retzlaff, mãe de dois estudantes de uma escola do bairro São Marcos, afirma que o maior problema está sendo as longas filas causadas pelos leitores de QR Code, que geram tumultos e faz com que diversos alunos não tenham tempo para comer.

— 15 minutos é pouco tempo para se alimentar. Quando senta para comer, bate o sinal. Crianças carentes ficam sem. Não penso só nos meus filhos, que chegam em casa e tem comida. Mas e as carentes, que só tem aquele prato pra comer? Como mãe, isso dói — desabafa. 

O que diz a carta da prefeitura de Joinville enviada para os pais sobre limite de merenda

Calegari diz que as filas já diminuíram e que no modelo anterior o problema já existia. Agora, de acordo com ele, a prefeitura busca aprimorar o serviço com maior quantidade de tablets para diminuir a aglomeração de pessoas, mas afirmou ser impossível zerá-las.  Já sobre um intervalo estendido, o secretário pontua que algumas escolas estão intercalando o horário das turmas que vão para o recreio. 

Outra manifestação crítica é do agricultor familiar Airi Mossi. Ele fala que a compra de insumos por parte da prefeitura diminuiu drasticamente após o novo modelo implementado, causando prejuízos aos profissionais. O secretário de Educação, porém, nega o corte e diz que o município segue com a ideia de colocar 30% dos alimentos da agricultura familiar nas merendas. 

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A mudança no modelo de merenda escolar entrou em prática em 25 de setembro, quando a Sepat – Multi Service Ltda passou a preparar e distribuir a merenda, comprar insumos, executar a logística, garantir o funcionamento dos equipamentos e cumprir exigências legais em relação ao número de profissionais, suas especialidades e segurança durante o trabalho. 

Sindicato diz que vai denunciar o caso 

Também contrária ao modelo, a presidente do Sindicato dos Servidores Públicos de Joinville (Sinsej), Jane Becker, diz que as escolas continuam com diversos problemas, incluindo a qualidade dos alimentos, a proibição na repetição de merenda e falta de profissionais nas unidades. 

— As cozinheiras saíram da cozinha para uma função de fiscalização, temos recebido diversas denúncias de que falta servidor nas equipes de professores e a auxiliares de educadores, por exemplo. Funcionários estão precisando dar suporte na celeridade da merenda — expõe. 

De acordo com ela, o Sinsej está reunindo materiais para denunciar o caso em diferentes órgãos, como o Ministério Público e, se necessário, acionar o governo federal. Escolas da região sul e leste tem mais denúncias sobre acesso e qualidade da refeição. 

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Durante a reunião, o secretário Diego Calegari reforçou que não há limite no número de repetições de merenda por aluno, tema que foi ponto de partida das polêmicas a respeito do novo formato de merenda escolar em Joinville.

Uma nova reunião sobre o tema deve acontecer daqui 30 dias. Até lá, os vereadores afirmam que vão fiscalizar a situação.

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