Os amantes do futebol brasileiro estiveram focados na tensa negociação para que a CBF pudesse confirmar o técnico Tite como novo treinador da Seleção Brasileira. Sobrou pouca atenção para o escolhido para a Seleção Olímpica: Rogério Micale. O treinador consolidou seu nome para o futebol brasileiro em Santa Catarina.

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Até a demissão de Dunga, na última terça-feira, a principal discussão sobre a Seleção olímpica era sobre a transição de um time treinado, testado e montado por Rogério Micale para as mãos do agora ex-treinador Dunga. Com a confirmação de Micale nos Jogos Olímpicos, porém, a discussão deixa de existir. E agora quem iniciou o trabalho em setembro de 2015 responderá por ele dentro das quatro linhas.

Confira vídeo com declarações de Micale quando assumiu a Seleção

O currículo de Micale ganha força a partir dos conhecimentos que empregou em Santa Catarina, junto ao Figueirense. Assim, a escolha recai sobre um nome que não carrega o peso de uma grife, como o próprio Dunga, tetracampeão mundial e que esteve à frente da equipe em 2008, ou Vanderlei Luxemburgo em 2000 e Mano Menezes em 2012.

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A aposta do técnico vice-campeão mundial sub-20 é no novo. No estudo, na busca por um modelo de jogo diferente, e no trabalho coletivo do time. É capaz de falar por horas e horas sobre futebol sem se entediar, para explicar conceitos e transmitir conhecimento.

Na base, Micale sempre montou equipes ofensivas. Conhecido entre os adversários por atuar na maioria das vezes com a linha de marcação alta (zagueiros quase no campo de ataque), Este estilo é motivo de admiração para

Erasmo Damiani, coordenador da base da CBF, que o contratou para o Figueirense em 2005 e o indicou para a Seleção sub-20 10 anos depois.

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– No Figueirense, queríamos contratar o Leandro Niehues, que acabou indo para o Atlético-PR. Ele nos indicou o Micale, que estava nos juniores do Londrina. Vi um jogo dele, gostei da postura dele e do time, e o contratamos para o Figueirense.

No Figueirense, foram quatro anos, entre 2005 e 2009, e um título inédito conquistado para o clube: o da Copa São Paulo de Juniores de 2008. Saiu em 2009 para o Atlético-MG, clube no qual ficou até 2015, e pelo qual foi duas vezes campeão da Taça BH de Juniores, em 2009 e 2011 (na última delas, o destaque foi Bernard).

Com os bons resultados (além do vice-campeonato mundial sub-20 de 2015, veja vídeo abaixo), Micale reforça a aposta no futebol ofensivo sempre que possível, com liberdade de criação para os jogadores.

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Em entrevista ao Globo Esporte, em 2015, afirmou:

– Eu gosto de jogar futebol bonito, de futebol bem jogado, tentando buscar o gol a todo momento, ter a leitura do jogo, levar os atletas a ter a leitura de jogo, saber a melhor situação para cada jogada. Que eles não sejam simplesmente automatizados, robotizados, mas saibam escolher.

Com a efetivação de Micale na Seleção olímpica, é provável que alguns jogadores que participaram do Mundial Sub-20 e já conhecem o trabalho do treinador ganhem espaço. Um exemplo é Danilo, que foi apontado como o melhor jogador do Brasil no torneio, mas não agradava Dunga e foi convocado apenas uma vez na preparação.

Outro nome que agrada bastante ao novo treinador é o de Andreas Pereira, meia do Manchester United. Autor do gol brasileiro na final do Mundial Sub-20 contra a Sérvia, ele atuou em alguns jogos dos profissionais dos Red Devils na temporada, e fez um gol no último amistoso da Seleção olímpica, na vitória por 3 a 1 sobre a África do Sul.

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