Ser jogado aos Tigres no Heriberto Hülse é o que tem de mais parecido com ser entregue às feras nos espetáculos do coliseu romano. Poucos homens tinham condições de sobreviver à atmosfera de tanta pressão e ferocidade. Pois 11 gladiadores alvinegros mostraram porque este time tem camisa, tem história e pode atingir a glória sendo gigante em qualquer situação.

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O Figueirense deixou o Sul do Estado legando à plateia apenas o silêncio, sem pão e circo, triste, e o Tigre ferido de morte. Volta para a Capital vivo, com saúde, gols na bagagem, um herói valente chamado Ricardo Bueno, e pronto para decidir o campeonato com Joinville, a partir do domingo que vem, com a vantagem do mando de campo no segundo jogo.

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Numa briga de cachorro grande, valendo vaga na final do Campeonato Catarinense, Criciúma e Figueirense tinham um arsenal grande de números para mostrar por que deveriam enfrentar o JEC rumo ao título. O dono da casa venceu mais vezes o rival, eram 63 vitórias contra 51 do Alvinegro. Mas o visitante já coleciona 15 títulos catarinenses, contra 10 do Tigre.

Eram 90 minutos de futebol para turbinar estes números e o 3 a 2 mais a grande atuação de Ricardo Bueno, autor de dois gols, foi cruel com o tricolor do Sul: classificou o Figueira para tentar chegar aos 16º título e alcançar o rival Avaí (o principal rival coleciona 16 conquistas).

Pressão da torcida e resposta alvinegra

A torcida do Tigre fez sua parte no pré-jogo, transformou o Heriberto Hülse num caldeirão. A reação dos times a esta recepção é que mostrou se os fanáticos carvoeiros deixariam seus comandados com 12 jogadores em campo.

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A repercussão em Baier e cia até foi boa: houve a famosa e esperada pressão inicial. Com dois minutos as credenciais amarelas e pretas apareceram numa tabela entre o “vovô” bom de bola Baier e Lucca, num arremate perigoso.

Era a senha para a pressão e o aumento nos cânticos característicos da nação criciumense, que com menos de cinco minutos viu uma sequência de dois lances fortes na área Alvinegra. Aliás, o Figueira espanando bolas e o Tigre estocando foi a tônica dos primeiros 10 minutos.

Acontece que pressão sem gol legitima o famoso ditado “quem não faz leva”. E aos 12 minutos, com precisão cirúrgica, o Figueira contra-atacou. Três toques e chegou na cara do gol com Ricardo Bueno, que foi derrubado pelo goleiro Galatto em atitude desesperada. Pênalti bem marcado e bem batido pelo próprio Bueno, aos 13 minutos.

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Basta acrescentar mais cinco minutos de jogo para descobrir porque um atacante pode fazer a diferença. Ricardo Bueno estava no lugar certo, na hora correta, para aproveitar novo contra-ataque, aos 18 minutos, e determinar o 2 a 0 e uma figuração de drama para o Tigre, de administração de jogo para o Alvinegro.

Com a bola rolando estava difícil para o Criciúma. Então, com a bola parada foi o jeito de ameaçar o Figueira. Baier, estilista, perfeito em cobranças, aos 29 minutos, acertou a trave. Então, os deuses do futebol pareciam mesmo determinados a olhar pela meta alvinegra.

Gol de Baier, alívio de Luan e assinatura Lucca

Havia um segundo tempo e jogão de bola nunca é sem emoção. Havia um Baier e com ele sempre há chance de reagir. Luan, imprudente, fez uma carga. Baier, experiente, aproveitou a carga, caiu e o árbitro, bem colocado, deu pênalti. O meia craque do Criciúma bateu e diminuiu.

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O ataque logo no início da partida, convertido em gol já foi reflexo de ação no intervalo do técnico Caio Júnior, que não pecou por omissão. Lançou mão de João Vítor e Rodrigo Silva, para dar mais consistência ao meio e melhor parceria para Baier, o que não acontecia com Everton. E, na área, mais presença, já que Gustavo estava perdido entre os zagueiros.

O Tigre passou a usar o setor direito, já que Luan tinha amarelo, e Ricardinho começou a ter mais liberdade no meio, já que o Figueira teve que reforçar a marcação na ala.

Parecia que a tarde seria um inferno para Luan. Aí entra o imponderável do futebol. Ele reage como aqueles atletas que tem estrela. Acuado, improvisado no setor, respirou fundo, partiu, aos 21 minutos, num disparada pela ala direita, mirou o gol da entrada da área e fez um golaço, com raiva e raça.

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Jogo encerrado? Nada disso, havia jogo ainda. Numa cobrança de falta, aos 26 minutos, Lucca cobrou falta, Volpi calculou mal seu posicionamento e afastou a bola já de dentro do gol.