As plantas parasitas estão sugando aos poucos a vida da centenária figueira da Praça XV de Novembro, no Centro de Florianópolis, ao mesmo tempo em que as escoras de ferro já não suportam o peso dos grandes galhos. Para garantir a vitalidade da árvore e a segurança de quem passa no local, em um período de mais de 30 dias, começando a contar neste sábado, dia 10, a área será interditada parcialmente para que uma limpeza minuciosa seja feita e as estruturas de sustentação possam ser substituídas.
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Na avaliação da Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram), além do risco existente para a garantia de saúde da figueira, que tem mais de 140 anos, há perigo para a população que passa embaixo dos ramos da árvore que é considerada um dos principais símbolos de Florianópolis.
– Se um dos galhos cair e atingir uma pessoa, pode ser fatal – diz Luiz Pazini Figueiredo, biólogo da Floram e mestre em engenharia ambiental.
Figueiredo é o encarregado de monitorar a limpeza fitossanitária que será feita e realizou o estudo que demonstra a necessidade do trabalho. Segundo ele, o último relatório de avaliação das condições gerais da árvore foi elaborado em 1997. O trabalho inclui raspagem de plantas epífitas (que moram em cima de outras plantas), poda e tratamento das lesões existentes, principalmente nos locais em que atualmente estão localizadas as escoras. Também será realizada desratização no entorno da árvore.
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Uma empresa indicada pela Floram foi contratada pela Koerich, empresa adotante da praça. Seis técnicos, acompanhados do biólogo e de um agrônomo credenciado, devem subir na árvore com rapel e realizar a erradicação das plantas. Além da grande quantidade de bromélias, que não são parasitas, mas sobrecarregam os galhos, existem cactos e samambaias, chamadas de cipó cabelo. Estas sim são parasitas e sugam a seiva bruta da figueira, secando os ramos, que podem cair a qualquer momento.
Floram é a responsável pela manutenção da árvore
– Teremos que isolar algumas áreas, porque será preciso retirar as escoras e o paver da praça para colocar as novas. Vamos colocar mais de uma escora por galho, diferente do que existe hoje – informa o diretor de gestão ambiental da Floram, João da Luz.
A Koerich, por meio de parceria com a prefeitura, adotou a praça, para mantê-la organizada e atraente aos visitantes. No entanto, a figueira é de responsabilidade da Floram. A Koerich concordou em pagar a contratação da empresa especializada para manutenção e poda, mas, segundo João da Luz, consta em contrato fechado há duas semana para renovação da adoção da praça que qualquer questão relacionada à árvore cabe à Floram.
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Conforme Luz, uma análise das condições da figueira foi feita no ano passado e foi aberta licitação. Uma empresa foi escolhida, porém não atendeu aos requisitos exigidos pela prefeitura e, por esse motivo, a licitação foi cancelada.
– Nós vamos monitorar cada passo e avaliaremos a questão de circulação, por exemplo. Se alguma coisa sair das normas estabelecidas, nós trocamos de empresa. Teremos todo o cuidado para zelar pelo patrimônio que é a figueira – garante Figueiredo.
Saiba mais
* Figueira mata-pau, figueira do mato, figueira folha miúda e figueira brava são nomes populares para a Ficus organenses (mic.), ou seja, a figueira da Praça XV.
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* Estima-se que tenha nascido em 1871, em um pequeno jardim em frente à Igreja Matriz. Em 1891, com 20 anos, a figueira foi retirada do jardim e replantada no local em que está hoje e cresceu vigorosa desde então.
* O biólogo Luiz Pazini Figueiredo, da Floram, garante que a árvore é saudável, mas compara a situação com uma pessoa saudável com gripe. Se a figueira ficasse do jeito que está correria risco no futuro.
* Conforme ele, a figueira centenária pode se tornar milenar facilmente, pela característica de resistência que apresenta. Além disso, é uma espécie que se prolifera rapidamente.
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