Na tentativa de cobrar a retomada dos investimentos federais na duplicação da BR-470, a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) encaminha na quarta-feira ao conhecimento do Ministério dos Transportes, em Brasília, um estudo inédito sobre a situação das obras, lançado nesta segunda-feira em Blumenau.
Continua depois da publicidade
::: Pressão popular pode ser a saída para duplicação da rodovia
::: Clique aqui e confira o gráfico com os dados
Mais de 2 mil acidentes ocorreram entre janeiro e julho deste ano nos 73 quilômetros da BR-470 entre Navegantes e Indaial, trecho da rodovia federal onde as obras de duplicação seguem em ritmo lento. O trecho mais violento, entre Blumenau e Indaial – pertencente ao lote 4 – ainda nem viu o começo da duplicação. Nesse trajeto, que vai do Km 55 (Blumenau) ao Km 73 (Indaial), 888 acidentes foram registrados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) nos primeiros sete meses de 2015.
O Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT) começou a contratação das empresas que fariam a obra em julho de 2013. De lá pra cá, o estudo da Fiesc mostra que pouco se caminhou. Nos três primeiros lotes, de Navegantes a Blumenau, a obra iniciou parcialmente, com implantação de pista, terraplenagem, alargamentos e cortes em morros.
Continua depois da publicidade
Nos 2.069 acidentes registrados na pesquisa, 16 vidas foram perdidas. No mesmo período a extensão completa da BR-470 no Vale teve 58 mortes. A maior parte delas no Alto Vale, depois de Indaial, região ainda sem previsão de duplicação.
De acordo com a delegacia regional da PRF, na região entre Gaspar e Indaial o volume de acidentes é maior pois o tráfego também é mais intenso, por se tratar da área urbana de Blumenau, onde também existem mais cruzamentos e passagens na rodovia. Já no Alto Vale, o cenário é o contrário:
– O tráfego diminui, então os carros conseguem alcançar uma velocidade maior, o que torna os acidentes mais graves. O número de acidentes é menor, mas quando acontecem, são mais violentos – diz o policial Genésio Kuster, da delegacia regional da PRF em Itajaí, responsável pelos trechos da BR-470 no Vale.
O presidente da Fiesc, Glauco José Côrte, ressalta que de 2010 a 2015 o orçamento geral da União previa R$ 375 milhões para a obra, e até setembro de 2015 somente R$ 91 milhões foram pagos. Também observa o adiamento do término dos trabalhos, de 2017 para 2022.
Continua depois da publicidade
Obras de manutenção da rodovia também estão atrasadas
O relatório da Fiesc aponta o atraso nas obras de manutenção da rodovia, contratadas pelo DNIT em 2013. O programa contempla conservação, restauração de pistas, terceiras faixas e acostamento, drenagem e de melhorias em travessias urbanas.
Passados mais de dois anos da contratação, os técnicos da Fiesc analisaram que poucas obras foram feitas no trecho que vai de Indaial até o entroncamento com a BR-116, em São Cristóvão, região que mais registra mortes na BR-470.
A duplicação da rodovia é um tema acompanhado pelo Santa, que registra e repercute os passos da duplicação e os acidentes que acontecem na rodovia. Desde 2000, já são 1.669 mortes na BR-470 no Vale do Itajaí.