A Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) apresenta hoje, em Jaraguá do Sul, um estudo detalhado sobre a situação física e a evolução das obras da BR-280. O trabalho tem 22 páginas e foi preparado pela Saporiti Engenharia. Ele faz oito conclusões e duas recomendações.

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A análise compreende a extensão da rodovia federal entre o Porto de São Francisco do Sul e a BR-153, na cidade de Porto União, no Planalto Norte. As características físicas do mapa rodoviário da BR-280 indicam que o trecho entre o Porto de São Francisco e Porto União está totalmente implantado e pavimentado, numa extensão de 316,4 quilômetros.

Do ponto de vista econômico, a região é considerada muito importante. As principais mercadorias movimentadas pelo porto são a soja em grãos, os motores elétricos e os móveis. O presidente da Fiesc, Glauco Côrte, considera o trecho que vai de Jaraguá até a BR-101 prioritário:

– Tem um custo pequeno e dará significativo alívio ao tráfego na BR-280 – afirma.

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A argumentação reforça a análise do consultor Ricardo Saporiti sobre a situação da rodovia. O problema é que o governo federal não está liberando o dinheiro à empreiteira, critica o líder empresarial. Glauco ainda comenta sobre a melhor forma de se chegar à concessão da rodovia à iniciativa privada.

– Somos favoráveis, mas só depois que toda a duplicação ficar pronta. Senão, o contribuinte que vai pagar pedágio será muito onerado desde antes de concluída a duplicação – diz Côrte.

Este também é um dos alertas do consultor Ricardo Saporiti.

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Pressão vai continuar, diz Glauco

O presidente da Fiesc, Glauco Côrte, sabe dos problemas a enfrentar para as obras possam seguir na velocidade desejada. No último trimestre de 2015, o ministro dos Transportes foi claro, numa reunião com os empresários e parlamentares catarinenses, que não havia recursos e que a conversa tinha sido mantida por cordialidade junto aos empresários e políticos de SC presentes no encontro. Apesar dos empecilhos, a pressão promete continuar.

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– Temos que nos fazer presentes e reivindicar sempre – reforça.

A Fiesc sabe do que está falando. Em outro estudo, este sobre o custo logístico catarinenses, está demonstrado que para cada real faturado pelas empresas, em média, 14 centavos são gastos com logística.

Os três setores industriais mais impactados são o da madeira (26 centavos por real), seguido pela metalurgia e pelo mobiliário, ambos com custo de 0,22 centavos por real faturado. Significa dizer que para estes três setores econômicos, mais de 20% do que faturam vão para pagamento de componentes logísticos.

Conclusões e recomendações

O levantamento da Saporiti mostra as dificuldades e aponta seis itens, nos quais relaciona tudo o que foi realizado e indica as necessidades para a duplicação da BR-280.Confira:

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1) É preocupante o ritmo com que estão sendo desenvolvidas as obras de duplicação da BR-280, entre o Porto de São Francisco (km 0,7) e Corupá (km 74,58), englobando os lotes 1, 2.1 e 2.2. O lote 1, entre o porto e o trevo com a BR-101, ainda não teve qualquer obra iniciada.

2) No segmento entre a BR-101 (km 36,68) e a cidade de Guaramirim (km 50,74) – lote 2.1 -, a empresa contratada está desenvolvendo algumas frentes de trabalho, inclusive com a instalação da central de britagem. Mas a efetivação dependerá das desapropriações na faixa de domínio de aproximadamente 40 imóveis. É um segmento com apenas 14,06 km de extensão que, quando concluído, permitirá melhor mobilidade às indústrias e aos usuários de Guaramirim e Jaraguá. Isso porque o lote 2.2, entre Guaramirim e Corupá, irá deslocar todo o tráfego pesado dessas cidades, deixando o trânsito mais livre.

3) No lote 2.2, há obras em execução apenas no embocamento leste do túnel sob o morro Vieira. Nenhum serviço de terraplenagem e construção de obras de arte (14 viadutos e quatro pontes) foi iniciado.

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4) O valor de R$ 1 bilhão, a preços iniciais, de obras contratadas no segmento (lotes 1, 2.1 e 2.2), caso seja repassado para futura concessão rodoviária, irá resultar significativamente na tarifa básica de pedágio inicial.

5) O processo de concessão exige estudos de viabilidade técnica e econômica, minutas de edital e de contrato de concessão; além do programa de exploração da rodovia, demandam um intervalo de tempo mais longo.

6) O contrato das obras de recuperação e conservação do trecho entre Canoinhas e Porto União expira neste semestre. Dessa forma, será necessária uma nova contratação.

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O estudo recomenda que sejam disponibilizados recursos aos contratos de duplicação dos lotes 1, 2.1 e 2.2, permitindo a implantação de frentes de trabalho nas construções das obras especiais (pontes, viadutos e túnel), terraplenagem e pavimentação. Mais ainda: no lote 2.1, em razão de sua posição estratégica no segmento Jaraguá/Porto de São Francisco, que se priorize o pagamento de indenizações aos imóveis remanescentes da faixa de domínio, o que soma aproximadamente R$ 5,5 milhões. E, por último, conclui que considerando que o custo global das obras do mesmo trecho representa apenas 13,76% das duplicações contratadas, se deduz que, em curto prazo, o trânsito entre Guaramirim melhore até o porto e o acesso à BR-101.

O que diz o estudo

OS CONTRATOS

– Em relação aos contratos vigentes entre o governo federal e construtoras, eles englobam as obras de duplicação ao longo de 73,9 quilômetros, o que inclui restaurações e melhoramentos para adequação da capacidade e segurança da rodovia. Na decomposição por trechos, a análise técnica da Saporiti detalha lote por lote.

OS LOTES

Lote 1 – do km 7 até o km 36,7

– O seu processo licitatório foi concluído em outubro de 2014. A empresa vencedora apresentou valor total de R$ 304,998 milhões. Assim, o custo médio, a preços iniciais, é de aproximadamente R$ 8,5 milhões por quilômetro, com prazo contratual das obras de quatro anos, e a previsão de término é para janeiro de 2019. Estão inclusos nesses serviços os contornos rodoviários da cidade de São Francisco do Sul; do bairro Porto Grande, em Araquari – km 31,2 e 33,1. O único segmento da rodovia que permanecerá em pista simples é a travessia do canal do Linguado, entre os km 17,4 e 19,36. Nessa travessia, diz o documento, está prevista a restauração do pavimento. Também estão previstas as construções de 19 viadutos em todo o segmento do lote 1.

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Lote 2.1 – do km 36,68 até o km 50,74

– Com extensão de 14,06 quilômetros, esse lote teve licitação concluída em dezembro de 2012. A empresa vencedora fez oferta de R$ 134,167 milhões, com custo de R$ 9,5 milhões por quilômetro. O prazo de execução contratual é de três anos. Portanto, com validade até o primeiro semestre de 2017. Está projetada pista dupla, cada uma com duas faixas. Serão executadas duas passarelas para pedestres, duas pontes sobre os rios Corticeirinha e Piraí, e dois viadutos nos acessos à Diprape e ao bairro Caixa D?Água.

Lote 2.2 – do km 50,74 até o km 74,58

– Este trecho, que inclui o contorno rodoviário de Jaraguá do Sul, teve licitação finalizada no primeiro trimestre de 2013. A ganhadora fez orçamento de R$ 535,744 milhões, o equivalente a R$ 22,5 milhões por quilômetro. O prazo para a entrega das obras é o segundo semestre deste ano. O projeto executivo prevê, além da construção de pontes sobre os rios Itapocuzinho (duas), outras duas sobre o rio Itapocu. Um túnel com 2.100 metros deverá ser feito sob o morro Vieira, na localidade de João Pessoa. Para lá, ainda constam a construção de13 viadutos.

Recuperação e conservação

– No subtrecho da BR-280, entre o Porto de São Francisco do Sul (km zero) e o acesso à cidade de Corupá, no km 84,2, foram contratadas as obras de manutenção rodoviária. Inclusive serviços de correção de defeitos por fresagens contínuas e descontínuas. A empreiteira que ganhou a licitação, feita no segundo semestre do ano passado, cobra R$ 13,815 milhões, ou R$ 164 mil por quilômetro. O prazo para a entrega de todos os serviços termina no segundo semestre de 2017.

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Manutenção da rodovia

– Por contrato, a construtora vencedora para realizar os serviços de manutenção rodoviária da BR-280 entre as cidades de Corupá e Canoinhas deve finalizar os trabalhos ainda no segundo semestre deste ano. O valor global está orçado em R$ 21,6 milhões, o que corresponde a R$ 155 mil por quilômetro.

Recuperação e manutenção

– O trecho da BR-280, entre Canoinhas/Irineópolis/Porto União e o entroncamento com a BR-153, passou à responsabilidade federal em julho de 2013. O referido trecho, com 75,2 quilômetros de extensão, exige serviços quase idênticos aos do trecho entre o Porto de São Francisco do Sul e Corupá.