Um grupo de amigos de Joinville partiu na manhã de quinta rumo à igreja da Santa Paulina, em Nova Trento. Mas, diferente de outros peregrinos, eles não foram de carro ou de ônibus. Foram de charrete. Logo de madrugada, às 4h30, eles acordaram, prepararam o café e arrumaram os cavalos. A partida foi por volta das 7 horas.
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Os homens irão percorrer até domingo 170 km em estrada de chão e mais 25 de asfalto até chegar ao destino. No caminho, farão pelo menos três paradas para dormir, comer e descansar os cavalos.
Na Estrada Blumenau, no Vila Nova, a caravana saiu fazendo um rastro de poeira pela rua. São sete charretes, desde as mais modernas até as mais antigas. Há diferenças até de tecnologia.
Em uma delas, um aparelho de som colocado no veículo tocava músicas tradicionalistas em todo o trajeto. Mas a principal diferença estava na rodagem. Enquanto umas ainda mantêm a roda de madeira revestida de metal, outras já possuem pneus, amaciando o impacto durante a jornada.
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Um dos entusiastas da peregrinação, o aposentado Amauri Novak, 58 anos, destacou o ineditismo da viagem. O objetivo dele, assim como o dos colegas, é fazer um resgate, pela fé, da tradição campeira e recordar o passado.
– Vivíamos na roça na época em que buscávamos mantimentos com carroça. Vamos lembrar esta época -, destaca.
Ao todo, foram sete charretes, levadas por um cavalo cada. Dois caminhões também estavam a postos com mais dois animais de reserva, caso algum se machuque. Os veículos levam os suprimentos e prestam apoio ao grupo.
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A última charrete da fila leva um cartaz explicando o motivo da peregrinação. A meta deles é chegar até a igreja da Santa Paulina entre 10 e 11 horas da manhã de domingo, fazendo em média 30 quilômetros de manhã e 30 à tarde, com períodos de descanso ao meio-dia.
– É muito quente. Duas ou três da tarde a gente continua -, diz Novak.
As paradas para pernoitar serão em ranchos em Massaranduba no primeiro dia, no limite de Gaspar e Brusque no segundo, e em Brusque no terceiro. Para o café da manhã, a bagagem está repleta de queijo, pão e linguiça. O cardápio do almoço será o costumeiro churrasco. Antes de sair, para dar boa sorte à viagem, os fiéis fizeram uma oração.
Hábito do campo
O despachante Élio Salles, 62, é o mais velho do grupo. Apaixonado por cavalgar, atividade que faz há pelo menos 35 anos, tem uma das charretes com modelo mais antigo do grupo, com rodas ainda de madeira.
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Segundo ele, o grupo de amigos sempre faz cavalgadas, seja para conseguir donativos para obras assistenciais, seja para lazer, como em abertura de rodeios.
– Nasci e fui criado dentro de uma carroça -, comenta.
Como um dos mais experientes, ele destaca a importância de cuidar dos animais e prestar atenção no trânsito.
– A expectativa é que dê tudo certo -, reforça.