O líder cubano, Fidel Castro, afirmou hoje que os dois boxeadores que desertaram durante os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro não sofrerão represálias e, além disso, serão oferecidas a eles “tarefas honrosas”.
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– Estes cidadãos não serão recebidos com detenções, muito menos com métodos como os usados pelo governo dos Estados Unidos em Abu Ghraib e Guantánamo, jamais utilizados em nosso país – diz Fidel em um novo artigo da série Reflexões, publicado hoje no jornal Juventud Rebelde.
Os boxeadores cubanos Guillermo Rigondeaux – de 26 anos, bicampeão mundial e olímpico – e Erislandy Lara – de 24, campeão mundial da categoria meio-médio – foram dados como desaparecidos no dia 22, quando não se apresentaram para a pesagem de suas respectivas categorias no Pan.
Fidel confirmou a deserção no dia 23, em um de seus artigos, e chamou os boxeadores e outros dois membros da delegação cubana que desertaram de traidores. O líder cubano afirmou que não existia “justificativa” para a solicitação de asilo político no Brasil.
No dia 3, os dois boxeadores cubanos foram encontrados pela Polícia Militar em Araruama, no Rio de Janeiro, e se disseram arrependidos de sua deserção e dispostos a retornar ao país. Eles seriam deportados assim que recebessem documentos e passagens, o que aconteceu na noite de sábado. Segundo a Polícia Federal, os dois boxeadores partiram para Havana do Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio, e já chegaram a Cuba.
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No artigo deste domingo, intitulado “A política e o esporte”, Fidel afirma que “as autoridades brasileiras podem ficar tranqüilas frente às inevitáveis campanhas dos adversários: ‘Cuba sabe se comportar à altura das circunstâncias'”.
– Aqui esporte e política se misturam na busca de soluções corretas e de princípios, acima de afeições e amarguras – declarou.
Segundo ele, a notícia do arrependimento dos pugilistas “não é desalentadora”. Fidel ressaltou ainda que “a informação de que os boxeadores estavam na Turquia enquanto a imigração deles era negociada foi, evidentemente, um blefe lançado pela máfia”.
Eles serão transferidos provisoriamente para uma casa de visitas, onde terão acesso a seus familiares. A imprensa também poderá contatar os atletas. Além disso, serão oferecidas “tarefas honrosas” e em favor do esporte, de acordo com seus conhecimentos e experiência.
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Farah Colina, mulher de Guillermo Rigondeaux, disse esta semana estar segura de que as autoridades cubanas não tomarão represálias contra seu marido. Ela disse que não sabe se Rigondeaux, considerado o boxeador cubano mais importante da atualidade, poderá voltar a lutar.
– O importante para mim é que ele estará conosco, estará aqui comigo e com seu filho.