Com a “micro-administração” e o “megaplano”, Fidel Castro aprovou durante meio século, em Cuba, de uma campanha maciça para eliminar o analfabetismo em um ano a uma safra de açúcar milionária até quantos gramas de café cada cubano devia consumir por dia.

Continua depois da publicidade

As diretrizes do chamado “Plan Fidel” pululavam em Cuba nos anos 1960 e 1970 em um afã do comandante-em-chefe de avançar por atalhos para o desenvolvimento e desenvolver a capacidade de uma ilha em revolução, segundo seus simpatizantes.

Seus detratores, ao contrário, o acusaram de “voluntarismo”, pois embora tenha obtido vitórias consistentes, como a campanha de alfabetização de 1961, também teve sonoros fracassos, como a safra de 1970, quando mobilizou todo o país a aumentar a produção açucareira de 7 a 10 milhões de toneladas e só conseguiu chegar a 8,1 t.

Um país à imagem de Fidel

Um núncio apostólico o ensinou a fazer comida italiana e mostrou-lhe seus valores energéticos. Cuba, então, encheu-se de pizzarias, graças a um fornecimento de trigo soviético e, mesmo agora, sem trigo barato, a pizza continua sendo o “fast-food” nacional.

Continua depois da publicidade

Nos anos 1990, depois de seus primeiros problemas de saúde, tornou-se amante dos vegetais e do chocolate. Discotecas e restaurantes se tornaram vegetarianos e a caderneta de abastecimento adicionou alguns gramas de cacau em pó (“chocolatín”) que, apesar de ser subsidiado, era um produto caro para a população.

Em todas as partes da ilha havia um “Plan Fidel”: centros de experimentação onde o comandante mandava criar búfalos vietnamitas ou reprodutores holandeses, fabricar queijos em estilo francês e, inclusive, o modesto whisky Old Havana na terra de um dos melhores runs do mundo.

Seu amigo, o prêmio Nobel de Literatura colombiano Gabriel García Márquez, falecido em 2014, dizia que Fidel era incapaz de gerar uma ideia que não fosse “descomunal” e que não havia um projeto “colossal ou milimétrico”, no qual não se empenhasse “com uma intensa paixão”.

Do mega ao micro

Qualquer assunto em Cuba era posto sob sua consideração, o que os analistas da Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos chamavam “micro-administração”, denominação que o fazia rir.

Continua depois da publicidade

Um veterano opositor que tinha pedido permissão temporária para sair do país a um escritório de imigração ficou atônito quando o comandante-em-chefe mencionou diante das câmeras de televisão que o documento estava há vários dias em seu escritório, aguardando sua aprovação.

Seu último megaplano, antes de passar o poder ao seu irmão, Raúl, em 2006, chegou com sua respectiva micro-administração: em sua “revolução energética” enviou milhares de trabalhadores sociais às casas da ilha substituir milhões de antigos eletrodomésticos soviéticos por chineses e lâmpadas incandescentes por outras mais econômicas.

cb/fj/nn/mvv