Ex-Presidente da República e atual senador pelo estado de Alagoas, Fernando Collor de Mello (PROS) fez críticas ao processo de impeachment, que tem sido falado no Brasil, e ao governo de Jair Bolsonaro, principalmente no combate ao coronavírus, em entrevista ao Estúdio CBN Diário desta terça-feira, dia 23.

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Collor, que também tem sido ativo nas redes sociais e agindo até com bom humor em algumas questões, respondeu sobre um possível novo processo de impeachment que o Brasil possa vir a ter e reclamou sobre como o tema surge em um momento inoportuno.

– Gostaria de dizer que fico muito receoso com a banalização que foi dada ao processo de impeachment. O impeachment de um presidente da República é uma medida extrema, que deve ser adotada em condições de gravidade e fator que esteja colacando em risco a estabilidade das instituições no Brasil e o causador disso seja o chefe do executivo, no caso o presidente. Ficou banalizada com o afastamento a que fui submetido e também a presidente Dilma. Em função desse conflito institucional que nós estamos vendo em gestação, se voltou a falar na questão. Eu sou contrário a que se adote agora uma postura de impeachment do atual presidente, até porque nós temos um inimigo comum que é essa pandemia do coronavírus – disse. 

O senador, porém, foi incisivo ao cobrar de Jair Bolsonaro uma postura mais combativa contra o coronavírus. Segundo Collor, o atual presidente contraria a grande maioria dos chefes de executivo ao tentar, de acordo com as suas vontades, impor decisões que vão contra a ciência.

– Esse é o nosso problema que exige, e que está faltando, uma coordenação do Presidente da República. Ele tem que coordenar essas ações adaptando o que determina a academia, a ciencia às ações práticas de governo para combater a propagação do coronavírus, o que infelizmente não vem contecendo. Diferentemente de outros presidentes ao redor do mundo, pra não dizer 99% diferente deles, o que vemos é um presidente em conflito permanente com a ciência, inclusive se valendo com um risco muito grande do exercício ilegal da medicina quando ele prescreve o uso da hidroxicloroquina como uma medicação milagrosa que salva as pessoas, quando todos os organismos internacionais dizem que ela de fato não está comprovada que possa ajudar no combate ao coronavírus.

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Não é próprio que um presidente da república fique receitando aqui e acolá remédios para a população, ao mesmo tempo que ele não coordena as ações no seu próprio governo. Já estamos no terceiro ministro da saúde, em plena pandemia trocamos dois ministros da saúde e não há explicação plausível pra isso. Sabemos que eles foram mudados porque não estavam de acordo com o isolamento vertical, que o presidente defende, e contrários ao presidente nesse receituário da hidroxicloroquina. 

Ouça a entrevista completa