Aproximadamente oito mil blumenauenses convivem diariamente com a fibromialgia, uma das doenças reumatológicas mais frequentes em todo o Brasil. Dores generalizadas no corpo, fadiga, sensação de sono ruim são algumas das características. Traumas costumam desencadeá-la, tal como o estresse e outras tensões psicológicas.
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Conforme o médico João Elias de Moura Júnior, mestre em medicina e professor de reumatologia da Univali, mulheres de meia idade estão mais propensas a sofrer com o problema, embora haja casos registrados em crianças e idosos. Não há cura para a fibromialgia e os tratamentos podem ser com ou sem medicamentos.
Para o especialista, o principal desafio para a medicina nos próximos anos é entender melhor a doença para que ela possa ser tratada rapidamente. Confira na entrevista:
O que, na prática, é a fibromialgia e como ela se caracteriza?
É uma síndrome caracterizada por dores generalizadas, difusas. Os pacientes típicos de fibromialgia são mulheres de meia idade, que chegam no consultório dizendo: “doutor, eu tenho dor no corpo todo”. Aí você tenta especificar onde, e elas respondem que é mais fácil dizer onde não dói. Começa no pescoço, costas, abdômen, perna e assim por diante, associada por outros vários sintomas, como distúrbio do sono, dores de cabeça, fadiga. O caráter da dor pode ser variável, queimação, pontada, peso, sensação de um sono ruim, cansaço durante o dia e é comum o agravamento pelo frio, umidade, mudança climática, tensão emocional ou até esforço físico. São dores, às vezes insuportáveis.
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Existe algum agravante?
O agravante maior da fibromialgia, já que ela não causa deformidade ou prejudica órgãos internos, como outros tipos de reumatismos, é o impacto de uma doença crônica. É o impacto direto na qualidade de vida da pessoa, já que você não vai ter um déficit de mobilidade, de função articular, não terá fenômenos artríticos. Impacto negativo na qualidade de vida é o maior agravante.
Como é o diagnóstico da fibromialgia?
É clínico. Não existe um exame que defina um diagnóstico de fibromialgia. Se você o local que mais dói e for fazer uma biópsia, os resultados serão normais. Não existe um exame confiável que dê diagnóstico de fibromialgia, seja de imagem, laboratorial, ou o que for. É o paciente sendo examinado por um médico experiente que, baseado em alguns critérios que a gente aceita para o dia a dia, diagnosticar a doença.
Existe um grupo de risco? Quem está mais exposto à doença?
Seguramente o grupo de risco maior envolve mulheres em meia idade. Quanto a isso não há dúvida nenhuma. São oito mulheres para um homem com fibromialgia, de acordo com os critérios que nós aceitamos. É frequente também em familiares, em parentes consanguíneos é mais frequente a prevalência. Sem esquecer que a faixa etária mais observada é a meia idade, mas é possível desenvolver a doença em crianças e até mesmo em idosos.
Aproximadamente quantos blumenauenses convivem com a fibromialgia?
Desconheço um trabalho epidemiológico que tenha levantado esse número em Blumenau, mas a prevalência no Brasil é de aproximadamente 2,5%. Se extrapolarmos esse número para Blumenau, a gente chega a um número que gira em torno de 8 mil pacientes convivendo com fibromialgia diariamente.
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Há cura ou forma de amenizá-la?
Cura infelizmente não, mas certamente formas de amenizá-la. Existem tratamentos com medicamentos, ou sem, mas sempre é possível encontrar uma forma de amenizá-la. Não vou entrar em detalhes das medicações mais usadas, mas de forma geral são antidepressivos, analgésicos, miorrelaxantes, anticonvulsivantes, e várias outras. Quanto ao medicamento não-medicamentoso, ele passa por atividade física, acupuntura, massoterapia, hidroterapia.
Quais são os desafios da medicina quanto à fibromialgia nos próximos anos?
Sempre que você sabe exatamente a causa de uma doença, você vai tratá-la melhor. Nós sabemos muito o que acontece na fibromialgia, mas não saber por que acontece. A partir do momento em que a gente entenda melhor a fisiopatologia da fibromialgia, nós vamos tratá-la melhor, certamente. O desafio é entender o que acontece e por que acontece.
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