O presidente executivo da empresa automotiva italiana Fiat, Sergio Marchionne, lançou esta quarta-feira a nova versão do modelo Panda na fábrica de Pomigliano d’Arco (sul da Itália), um símbolo das mudanças sociais que a Itália atravessa.

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Na mesma fábrica onde os trabalhadores tiveram que aceitar, no ano passado, um endurecimento inédito das próprias condições de trabalho para salvar seus empregos, a Fiat lançou com pompa seu novo modelo, que continuará sendo um carro familiar.

Acompanhado por música e do alto de um palanque, Marchionne, que acaba de chegar dos Estados Unidos, onde dirige a Chrysler, controlada pela Fiat, foi recebido com aplausos por parte dos trabalhadores.

A fábrica de Pomigliano d’Arco, uma das mais avançadas, é “o símbolo da Itália que trabalha, da Itália que me agrada”, afirmou Marchionne à imprensa.

– Aos céticos, aos críticos, respondemos com fatos – clamou, após ter lembrado que nesta fábrica o volume de produção despencou em 2008.

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Assistiu ao lançamento John Elkann, presidente da Fiat e jovem herdeiro da família Agnelli, fundadora da marca, que detém 30% do grupo.

– Hoje é um dia feliz, quebra-se o velho preconceito de que no sul da Itália não se trabalha. Isto não é verdade – afirmou Elkann.

O evento, com o qual a Fiat pretende reativar sua capacidade manufatureira na Itália, foi ofuscado pelo protesto de dezenas de trabalhadores dos sindicatos de esquerda Fiom e Cobas, que se manifestavam contra a “chantagem” da Fiat.

– Não temos nada o que lhes agradecer – clamava um deles.

Cinco mil trabalhadores aprovaram com um referendo, em junho de 2010, o acordo que endurecia as condições de trabalho dos funcionários, mas evitava o fechamento da fábrica e sua transferência para a Polônia.

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Com o acordo, a fabricante de automóveis abriu uma brecha no sistema italiano de relações trabalhistas, ao substituir a convenção coletiva nacional por contratos de empresa. Na terça-feira passada, foi adotado para todas as fábricas da Itália.

O acordo representou uma reviravolta sem precedentes na situação trabalhista na Itália, pois introduziu a possibilidade de que a fábrica funcione 24 horas por dia e até seis dias por semana, reduzindo as pausas, além de triplicar o número máximo de horas extras para 120 anuais. O ramo metalúrgico do sindicato de esquerda (Fiom-CGIL) não aceitou o acordo, enquanto a maior parte dos sindicatos o aprovaram.