O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou nesta terça, em uma palestra no Uruguai, a ausência do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial na situação de grande instabilidade e incerteza gerada pela crise financeira.

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– O FMI quase não falou, e o BM desapareceu literalmente (e isso) é porque quem fala e dá idéias deve respaldá-las com dinheiro – disse.

Ao analisar a ausência das duas organizações internacionais, Fernando Henrique destacou que “tudo depende” do Federal Reserve (Fed, banco central americano). O ex-presidente fez essas afirmações no encontro Construindo Pontes II para uma Nova Sociedade de Bem-estar, realizado na cidade uruguaia de Punta del Este e organizado pela Fundação Círculo de Montevidéu.

Além de Fernando Henrique, participam do encontro os ex-presidentes do Chile Ricardo Lagos e do Uruguai Julio María Sanguinetti, o ex-chefe de governo espanhol Felipe González, e vários empresários, entre eles o mexicano Carlos Slim.

– O governo dos Estados Unidos está investindo muito dinheiro para tentar superar a crise, inclusive oferecendo US$ 30 milhões a países que nem sequer solicitaram ajuda, como Brasil e Coréia – destacou Fernando Henrique.

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– Esta crise se parece com a de 1929, com seus efeitos nefastos entre 1930 e 1932, quando a economia se estagnou, mas atualmente estão sendo feitos grandes esforços para que o mesmo não volte a acontecer – destacou o ex-presidente.

Segundo Fernando Henrique, o “novo” na atual crise é que “o mercado é tão forte que diminuiu a incidência dos Estados”:

– Por isso mesmo, agora é mais difícil conseguir o modelo certo e o equilíbrio entre mercado e Estado – afirmou Fernando Henrique na palestra.

Entenda a crise:

– Como reverter o modelo de consumismo é uma das questões-chave – frisou Fernando Henrique a um auditório composto majoritariamente por políticos e empresários, e destacou que, “no mundo islâmico, o peso do mercado é muito menor que no ocidental”.

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Segundo ele, nessa necessidade de mudar os modelos, há atores novos, que não existiam ou não tinham um papel importante em crises anteriores, com as ONGs, e que agora têm um papel a cumprir.

Fernando Henrique também afirmou que a América Latina e o Caribe “necessitarão dos chineses, dos indianos e dos árabes” para superar a “grave crise financeira internacional”.