— Maestro! Não tem canto lírico nesse concerto, não? — grita a jovem, da plateia, ao regente Alex Klein, idealizador do Festival de Música de Santa Catarina (Femusc), para, em seguida, incentivar os colegas a deixarem seus lugares e irem à frente do palco.

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É noite de domingo e o Grande Teatro da Scar, em Jaraguá do Sul, com capacidade para mil pessoas, está lotado. No palco, os 54 músicos que formavam a Orquestra do Femusc haviam acabado de tocar Danzon nº 2 e se preparavam para uma nova execução quando ocorreu a interrupção inusitada e que levou participantes do festival — músicos de todas as idades e de 21 países — para a frente do palco para acompanhar a orquestra enquanto esta tocava Garota de Ipanema.

É o tipo de surpresa que, ainda que planejada, traduz o espírito do Femusc, que teve sua 13ª edição iniciada naquela noite, com programação até 27 de janeiro. Há música clássica, executada por músicos de destaque do mundo inteiro, e há um protocolo que conduz os concertos para que a experiência seja completa, mas este pode ser quebrado a qualquer momento.

O concerto inaugural teve abertura com discursos de autoridades e da organização do evento. O presidente do Instituto Femusc, Paulo Polezi, reforçou a transformação que esta maratona musical causa nos participantes, que fazem aulas com professores que são ícones mundiais durante o dia e se apresentam na cidade, na região e principalmente nas salas do Centro Cultural da Scar, sede do Femusc.

— Nossa equipe é sensacional e nossos alunos se esforçam muito para chegar até aqui. Cumprem uma agenda exaustiva e saem transformados — destacou.

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Representando o governador do Estado, o secretário de Desenvolvimento Econômico de Santa Catarina, Carlos Chiodini, também participou da abertura. Ele ressaltou que o Femusc envolve toda a cidade e, ano após ano, demonstra superação ao provar que é possível realizar um evento grandioso e inspirador. Já o diretor-artístico, Alex Klein, fez questão de lembrar que a música e a arte devem fazer parte do dia a dia em qualquer época, inclusive, em períodos de dificuldades.

— Todos os grandes compositores da história viveram em tempos difíceis. Não há porque parar só porque tem crise. A crise aparece nas reuniões de diretoria. Mas, na hora em que entramos no palco, queremos mostrar para vocês devoção, mais do que nunca. E é isso que vamos trazer nas próximas duas semanas — enfatizou Alex.

Em 2018, o festival terá cerca de 200 concertos. O público pode assistir a todos eles gratuitamente retirando os ingressos na secretaria do Centro Cultural da Scar, das 8 às 20 horas. Eles são oferecidos sempre com 48 horas de antecedência e limitados a dois por pessoa. Hoje, os alunos do festival se apresentam ao lado de professores como a fagotista britânica Catherine Larsen-Maguire, a violista americana Clara Takarabe e o violinista norueguês Ole Bohn.

Na programação, além de concertos, com apresentações como a da 4ª Sinfonia de Johannes Brahms, no encerramento; o Réquiem, de Wolfgang Amadeus Mozart, no dia 24; e a Sinfonia nº 4 de Gustav Mahler, no dia 20, haverá também duas récitas completas da ópera La Bohème, de Giacomo Puccini, nos dias 26 e 27. Em outros anos, os ingressos para as óperas chegaram a esgotar apenas 30 minutos depois do início da distribuição.

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A programação completa está disponível no site do Femusc na internet. Quem não conseguir retirar ingressos, sempre bastante disputados, tem uma oportunidade a mais para assistir aos Grandes Concertos por meio das transmições ao vivo no canal do Femusc no Youtube.

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