Rua Marari, sem número. Este foi o endereço que passaram para bailarinos que estão participando dos Palcos Abertos do Festival de Dança. Chegando lá, olhos atentos. O muro era de madeira compensada, o chão estava cheio de brita e os apartamentos totalmente vazios.

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Um lugar inusitado serviu de palco para seis grupos de dança: uma construção. Isso mesmo. Pela primeira vez na história do festival, um prédio que está sendo construído foi o local de apresentação destas companhias. Foi uma surpresa para os bailarinos e também para as 45 pessoas que trabalham na obra.

Os grupos começar a dançar perto das 16 horas. No início, todos estavam meio tímidos. Eram os pedreiros para um lado e os dançarinos para o outro. Teve gente que nem acreditava no que estava acontecendo.

– Primeira vez que vou ver apresentação de dança. Nunca vi. Estou achando muito bom – confessou, baixinho, o ajudante de pedreiro Vilmar dos Santos, 32 anos.

Ele e seus colegas puderam prestigiar apresentações de danças populares, dança de rua e dança contemporânea.

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Depois do primeiro grupo subir ao palco, os trabalhadores começaram a chegar mais perto, a ficar mais atentos nas apresentações. O engenheiro responsável pelo obra, Wilian Martini Tonezi, ficou entusiasmado com a idéia.

– O pessoal da obra se sente valorizado e isso é muito bom – garante.

Enquanto os grupos dançavam, sempre tinha uma expectativa dos dois lados. O bailarino Marcelo Vitor, 30 anos, de Vitória (ES), por exemplo, conta que levar a dança para este tipo de público que, geralmente, não consegue ir até o festival é super legal.

– Eles vêem tudo colorido, o sorriso, as músicas. Isso é contagiante – afirma.

O pedreiro Vagner Almeida, 27 anos, reforça.

– É uma alegria muito grande para a gente. É interessante e dá até um ânimo no nosso trabalho.

Lá no cantinho, um senhor escorado numa viga de madeira olhava a movimentação. Não dava para imaginar o que estava passando na cabeça do mestre de obras da construção, Deri Lima de Souza, 59 anos. Mas ele, diferente dos outros, é mais enturmado com a dança. O filho dele, Nilberto (mais conhecido como Nil), é integrante do grupo de dança de rua de Joinville “Fúria das Ruas”, que se apresenta nesta sexta no Festival de Dança.

– Eu gosto muito de dança. Vou sair daqui e ir correndo para o Centreventos ver meu filho dançar – contou.

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