“Eu gosto de surpreender as pessoas, de chocar com o sabor”. É assim que Elisa Moraz define os pratos, pães e doces que produz em sua cozinha sem utilizar nenhum ingrediente de origem animal. Adepta da culinária vegana, ela é uma das participantes do 1º Festival Gastronômico Vegano de Joinville, que tem o objetivo de incentivar os empreendedores do ramo na cidade e desmistificar a forma de alimentação que vem ganhando cada vez mais espaço.

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— É uma oportunidade de mostrar esse universo diferente, as infinitas possibilidades que a gente tem. Muitas pessoas acham que o vegano só come mato, mas podemos mostrar que a comida vegana é muito boa, mesmo se a pessoa não é vegana ou vegetariana — destaca a cozinheira de 31 anos, moradora de Joinville.

O festival faz parte da programação da Semana Lixo Zero, que começou nesta sexta (22) e vai até o dia 31 em Joinville. Nove restaurantes participam do evento gastronômico, que ocorre nos próprios locais, oferecendo menus especiais pelo preço único de R$ 50. A lista de locais pode ser conferida no perfil da Semana Lixo Zero. 

Elisa, por exemplo, montou para o festival um “menu degustação” com vários produtos, como uma focaccia, queijo cremoso feito com pepitas de girassol e um bolo fudge — todos sem nenhum ingrediente de origem animal. São receitas que fazem parte do cardápio que ela vende e entrega na casa de clientes, em um formato que cresceu principalmente na pandemia.

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Nascida no interior do Paraná, Elisa se mudou para Joinville há quatro anos com o objetivo de estudar gastronomia. A cozinha está na vida dela desde os 14 anos, mas virou negócio recentemente. Agora, ela vive das encomendas e eventos que faz em Joinville e outras cidades catarinenses.

— O veganismo e o vegetarianismo entraram na minha vida quando eu tinha 19 anos, quando comecei algumas práticas espirituais, e a alimentação é algo que envolve muito a espiritualidade, a consciência alimentar — destaca.

Parte do trabalho de Elisa envolve também as chamadas PANCs, sigla para Plantas Alimentícias Não Convencionais. Em resumo, são plantas de alto potencial alimentício e desenvolvimento espontâneo, mas ainda pouco utilizadas na culinária. Um bom exemplo é a Ora-pro-nóbis, rica em proteínas.

— É uma questão de consciência. As pessoas estão muito condicionadas ao que está na prateleira do mercado e não conhecem o que tem no quintal de casa, e a potencialidade desses alimentos.

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Elisa passou a vender os produtos feitos em casa na pandemia
Elisa passou a vender os produtos feitos em casa durante a pandemia (Foto: Carla Lorentz / Divulgação)

Consumo aumentou

Além dos pratos feitos em casa, a culinária sem produtos de origem animal tem virado moda também na prateleira dos mercados, com cada vez mais opções dos produtos chamados de plant based, como hambúrgueres e até mesmo “carnes” feitas com vegetais. Além de uma questão comportamental e de posicionamento sobre a alimentação, dietas sem ou com menos presença da carne têm crescido por condições econômicas.

Não é novidade que a carne ficou muito mais cara nos mercados, e quem trabalha com comida vegetariana ou vegana tem notado um impacto no consumo.

— Dá para citar sim [que houve impacto]. Tem a questão da necessidade e também a consciência. Para você ter um quilo de carne, você desperdiça mais de 4 mil litros de água. Vejo mais como uma questão de consciência do que uma dieta — diz Elisa.

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